Por Wesley Silas
Sérgio Murilo, Willian Alves, Adilson Cesar, Flávio Alves, Elson Ferreira, Ricardo Figueira , Valdenez Rocha, Felipe Santos, Ailton Oliveira, Bruno de Lima, Paulo Cesar, Geovane Silva, João Batista, Wilhan Dutra, Samuel Martins, Zulene Pereira, Gilberto Souza, Daniela dos Santos, Bonfim Moura, Otávio de Souza, Dalmo Cardoso, Elivan Lima, Lucas Mendes e Adriano Soares foram assassinados em Gurupi durante o ano de 2015, numa época em que delegados da Polícia Civil e Comandantes do 4º BPM usavam a expressão “enxugar gelo” no combate ao crime ao considerar que não valia mais a pena prender bandidos para o Poder Judiciário soltar. Passados um pouco mais de 07 anos a Polícia Civil e a sociedade de Gurupi comemora o retorno de tempos mais calmos com a notícia de mais de 90 dias sem nenhum registro de homicídio na cidade. “Agora o Estado voltou a tomar de conta da segurança pública”, comenta o comandante do 4º Batalhão de Polícia Militar (4º BPM), tenente-coronel Weslley Dias Costa.
Vítimas de homicídio em Gurupi em 2015
Ações como implantação de câmaras de monitoramento em pontos estratégicos da cidade, Patrulhas Rural e Maria da Penha, Patrulha Comercial, Comando Operação e Divisa do Batalhão Rodoviário, Força Tática, intensificação de patrulhas nos bairros, operações em conjunto entre as forças de segurança representada pela Polícia Civil, Militar e Polícia Rodoviária Federal e a Operação Tolerância Zero fez com que a Secretaria da Segurança Pública do Tocantins por meio da 3ª Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (3ª DHPP) festejasse a queda de homicídios em Gurupi e lembrou que o último aconteceu no dia 10 de dezembro de 2022, contrastando a quantidade de homicídios registrados no mesmo período no ano anterior (10 de dezembro de 2021 a 10 de março de 2022), quando foram registradas oito mortes.
Em entrevista ao Portal Atitude, o comandante do 4º Batalhão de Polícia Militar (4º BPM), tenente-coronel Weslley Dias Costa, afirmou que o pano de fundo do aumento dos crimes violentos contra a vida envolve, em especial, a venda e o consumo de drogas.
“Agora o Estado voltou a tomar de conta da segurança pública. Jogamos pesado contra o crime organizado e o tráfico de drogas e somente no ano de 2022 fechamos 32 bocas de fumos, apreendemos 1.237 quilos de drogas (aumento de 89,9% em relação a 2021), foram presas em flagrantes 899 pessoas (AUMENTO DE 6,64% em relação a 2021), recuperamos 167 veículos furtados ou roubados na região do 4ºBPM, apreendemos 61 armas de fogo, foram lavrados 196 Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) – aumento de 21% em relação a 2021; a Polícia Militar aumentou o seu efetivo e diariamente fazemos de 150 a 200 abordagens. Considero a redução do número de homicídios deve-se também os serviços preventivos e levar o infrator, quantas vezes for preciso, para cadeia. Além bater pesado contra o tráfico também apertamos o cerco contra os usuários que respondem por contravenção penal, fortalecemos a segurança nas Praças como o Mutuca e recomento que se um cidadão do bem observar uso de drogas nestes lugares liguem para Polícia”, disse o comandante Weslley Dias Costa.
“Esses quase 100 dias merecem ser celebrados”, diz delegado
Para o delegado da 3ª Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (3ª DHPP), José Júnior, diminuição dos crimes contra a vida tem a grande contribuição da atuação eficiente e célere na apuração dos homicídios ocorridos em Gurupi, onde, no ano de 2022, diversas pessoas foram indicadas como lideranças locais de facções criminosas e presas por executarem ou participaram da morte de desafetos rivais.
“Esses quase 100 dias merecem ser celebrados, pois é o resultado de muito esforço e de uma luta constante para que a população esteja sempre protegida e possa levar a vida com mais segurança. Atingir essa importante marca nos enche de orgulho, pois sabemos que a população e, sobretudo, as famílias que perderam entes queridos esperam que os casos sejam resolvidos e que os suspeitos sejam indiciados e presos, por isso, sempre estamos dando o nosso melhor”, frisou o delegado.
A redução dos crimes também foi comemorada pelo secretário da Segurança Pública do Tocantins, Wlademir Costa.
“Estamos colhendo frutos de muito esforço da Polícia Civil e um trabalho conjunto com as demais forças de segurança, através da Operação Tolerância Zero. Muitos números positivos ainda estão por vir”, disse o secretário.
Tocantins e Brasil
Apesar da queda no número de homicídio em Gurupi, segundo informações do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Tocantins ainda luta para diminuir os índices de homicídios. Em 2022 foram registrado 26 mortes violentas para 100 mil habitantes do Tocantins, enquanto o estado vizinho, Goiás, registrou 17,10 mortes violentos por 100 mil habitantes. Neste mesmo ano o Brasil, com 40,8 mil mortes violentas, reduziu 1% o número de assassinatos em relação a 2021. Os números dos últimos anos são os menores da série histórica do Fórum desde 2007 quando foram registrados naquele ano 44,625 mortes enquanto, entre os anos de 2012 a 2018, o número ultrapassou 50 mil mortes, tendo como pico o ano de 22017 com 59.129 pessoas mortas violentamente no país. Entre os anos de 2019 a 2022 os números voltaram para a casa de 40 mil mortes.
“Isso incluindo quatro anos do governo Bolsonaro, onde mais de 1 milhão de armas entraram em circulação. É uma grande incógnita que a gente precisa lidar”, disse no início deste mês o pesquisado Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP), Bruno Paes Manso, em entrevista ao G1.
Com informações da Ascom da SSP e G1.