Estado aumentou a área plantada em 50 mil hectares, mas a produção deve se manter no mesmo patamar da última safra por causa dos fortes veranicos.
Marcelo Lara | Alvorada (TO)
A seca no momento do plantio e o excesso de chuva em janeiro provocaram perdas de produtividade aos agricultores de Alvorada e Figueirópolis, no sul do Tocantins. A situação dos produtores foi tema de debate técnico no município, durante a passagem da Expedição Soja Brasil.
A área plantada de soja no estado saltou de 800 mil para 850 mil hectares, mas isso não vai resultar em aumento de produção. O clima atrapalhou nas duas pontas: faltou água no início de ciclo e, em janeiro, sobra chuva, principalmente na região, que representa 20% da soja colhida no Tocantins.
– Esse acréscimo de 50 mil hectares será suprimido pela diminuição de produtividade. Nós tínhamos uma produtividade de 3.000 kg/hectare e acreditamos que chegará, no máximo, a 2.700 kg/hectare. Se calcularmos, nós devemos ficar com as mesmas 2,4 milhões de toneladas do ano passado – projeta o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do estado (Aprosoja-TO), Ruben Ritter.
Visitamos a propriedade do agricultor Carlos Guilherme Nilson, em Alvorada. Ele começou a plantar no dia 18 de novembro e pretende colher a partir de 1º de março. Com o atrasado na semeadura, ele foi obrigado a migrar 800 hectares para o milho.
– Devido à janela se estender demais, nós preferimos acabar migrando parte desta área para o milho, pela dificuldade de encontrar uma semente, uma reposição de soja. Outro ponto foi o favorecimento do mercado do milho, que, para nós, está até mais rentável do que plantar a soja fora da janela ideal – avalia Nilson.
Os produtores estão adotando uma tática diferente nesta safra. Todos os problemas climáticos estão sendo registrados em fotos e laudos técnicos, para poder comprovar na hora de renegociar as dívidas, os contratos e o seguro rural.
Desde o início, tudo foi registrado, com laudo e fotos dos problemas que tivemos para formar as lavouras. Nós temos medo de não conseguir honrar os contratos que a gente já fixou. Como dependemos da chuva, o futuro é incerto – diz o agricultor Carlos Guilherme Nilson.
Esta é a preocupação da maioria dos produtores que participaram do primeiro dia de campo do Projeto Soja Brasil no Tocantins. Além da tecnologia apresentada, com variedades precoces adaptadas para a região, as empresas se mostram solidárias com a baixa produtividade já confirmada nesta safra.
– A diferença é que a gente atende um mercado grande e precisamos estar unidos. É hora de a gente agregar os elos, os agente financeiros, as multinacionais, o governo. É todo mundo se abraçar, para poder ajudar. O agronegócio é o celeiro do país, o único PIB positivo e esperamos que continue assim – comenta o diretor da Associação dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (Andav) Francisco de Toledo.