“A vida é uma grande escola e todos os dias podemos encontrar vários exemplos ao nosso redor de como devemos viver, a começar por cada um de nós; não é por acaso que quando amadurecemos um pouco percebemos o quanto erramos quando éramos mais jovens, mas os erros devem servir-nos como lições, não para a culpa e nem para alimentar a dor”. João Nunes
João Nunes da Silva
Doutor em comunicação e cultura contemporâneas, Mestre em Sociologia e professor da UFT Campus de Arraias. Trabalha como projeto em cinema e educação
Tudo que se mostra sólido não é tão sólido assim; o velho Karl Marx já dizia que tudo o que é sólido se desmancha no ar; ele mostrou também que em todo fenômeno há contradições e, portanto, está presente a dialética.
É sempre bom ter em mente essa ideia de que nem tudo é para sempre, e não é mesmo, da mesma forma de que a solidez é apenas um estagio; é fato que na vida fazemos de tudo para garantir o máximo de equilíbrio e de solidez nas coisas, em tudo o que faz parte de nossa vida; o ser humano vive o tempo todo buscando a solidez para se manter vivo, mas nem sempre dá conta de tudo.
Na vida a dois, por exemplo, procuramos o máximo possível de solidez; espera-se um casamento sólido baseado nos princípios do respeito, do amor, da responsabilidade e da fidelidade; quem não quer na vida uma relação sólida? Mas quando se percebem os primeiros sinais de que a solidez não dura tanto assim, quando acaba o amor, o encanto, o afeto e vem com ele a infidelidade, já se está claro que não há mais solidez alguma, não mais casamento, não há mais vida a dois.
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Não é por acaso que os namoros e casamentos diversos chegam ao fim; em muitos se é feliz enquanto duram, isto é, enquanto os sinais de solidez se fazem presentes. Em muitos outros chegam ao fim para que os envolvidos não sucumbam por meio de conflitos e de destruição.
Assim também é na vida, nas instituições, nas amizades, na política e nas diversas relações sociais. Pelas instituições se busca o máximo de mecanismos para garantir a solidez da sociedade, mas as próprias instituições estão fadadas as mudanças, afinal, se não mudam com a dinâmica da vida e das coisas, não permanecem por muito tempo.
Na política, que faz parte da vida de todo ser humano, sempre haverá conflitos, pois os conflitos são até necessários para se buscar o equilíbrio das coisas; quando há conflitos é sinal que há interesses e relações de forças em jogo, e sempre as coisas vão funcionar dessa maneira.
Não se deve ter medo dos conflitos, mas sim deve se temer a covardia, as manobras escusas, as práticas sorrateiras, os sorrisos falsos, as palmadas nas costas os beijinhos e abraços falsos, tão típicos nas festas de confraternização, no final do ano e que estão muito presentes no mundo da política institucional.
Não se devem temer os conflitos e muito menos a crise; pois as crises apenas escancaram o que já está podre e precisa de renovação; por isso é preciso sempre ter a coragem de se olhar no espelho para você mesmo em meio aos contextos que está inserido, pois, assim se é possível fazer uma avaliação detalhada para evitar problemas maiores.
A solidez das coisas está na vigilância permanente, na busca para se melhorar cada vez mais como ser humano e assim cumprir com dignidade seus dias de vida na terra. Para tanto, a humildade é fundamental, mas a humildade não significa ignorar a assertividade ou não ter amor próprio; não acredito nessa história de quem se humilha será exaltado.
A vida é uma grande escola e todos os dias podemos encontrar vários exemplos ao nosso redor de como devemos viver, a começar por cada um de nós; não é por acaso que quando amadurecemos um pouco percebemos o quanto erramos quando éramos mais jovens, mas os erros devem servir-nos como lições, não para a culpa e nem para alimentar a dor.
Nada é solido como se pensa que é, e nem deve ser, pois a beleza das coisas está na transformação constante, assim como os vulcões que arrebatam tudo e transforma o caos em nova vida.
O importante é saber estar firme para um novo caminhar.