“Seu cinismo em meio ao clamor popular emperra sua pouca popularidade fazendo surgir uma mesquinhez dupla que não é desejável e nem apropriada a nenhum representante que preside um Parlamento Legislativo”. Emílio Lopes.
por Emílio Lopes
O dramaturgo inglês William Sheakspeare disse certa vez que “as coisas mais mesquinhas enchem de orgulho os indivíduos baixos”. No contexto local, nesse caso Gurupi, sua frase, pode ter diante da disputa atual entre movimento Participa Gurupi e a postura irredutível do atual Presidente da Câmara, Wendel Gomides, um perfeito exemplo dessa citação.
A luta arraigada entre os dois segmentos tem inflado os ânimos populares levando a Câmara municipal desse município a não ceder ao clamor popular que exige o mais rápido possível a tramitação de Projeto de Lei de interesse popular. Trata-se de uma proposta que almeja excluir cartão de abastecimento no valor de R$ 1.500,00, proibição de locação de veículos para os parlamentares no valor de R$ 3.900,00 mensal cada e redução salarial de R$ 7.965,00 para R$ 2.200,00.
A cidade de Gurupi, a considerar pela sua imponência no cenário tocantinense, desfruta e exerce forte vocação moderna para a cidadania. E para isso, entende que reduzindo esses privilégios, o benefício para municipalidade se modernizaria e emplacaria de vez a cidade no rol daquelas que assim o fizeram recentemente.
Em meio a essa empreitada colossal, o movimento que ainda carece de maior visibilidade e adesão popular não tem dado trégua à sua causa e tem levado pra rua e para o Parlamento, todas as suas reivindicações, deixando vereadores eleitos e reeleitos no mínimo, preocupados. Afinal, muitos sequer justificam os votos recebidos e alguns jamais honrariam mesmo os salários e o pacote de benesses combatidas pela causa do Participa Gurupi.
Encabeça o movimento Participa Gurupi o empresário Jaime Xavier de Oliveira, ex-presidente da ACIG, além de outras lideranças empresariais, advogados, trabalhadores e professores. Conforme analisa Oliveira, a ideia do movimento é manter vigilância e participação permanentes quanto as necessidades do município.
Jaime Xavier pontua que a alegação mais apresentada até agora para não priorizar a aceitação do PL pelo Presidente Wendel Gomides é que o Projeto é contra a legislação municipal e que fere também a Constituição Federal, além da Lei Orgânica do Município, motivo esse de ele não atender algumas reivindicações do grupo.
Coerente ou irredutível com sua postura, a resistência ao clamor popular mantida por Wendel Gomides evidencia uma mesquinharia no quesito diálogo, participação política, representatividade e empatia com a causa comunitária e cidadã. Esquece ele de que o contraditório em uma democracia carece de uma voz e de uma pauta para ser analisado. No caso da resistência da casa, configura-se nesse caso, um absolutismo com decisão centralizada.
Seu cinismo em meio ao clamor popular emperra sua pouca popularidade fazendo surgir uma mesquinhez dupla que não é desejável e nem apropriada a nenhum representante que preside um Parlamento Legislativo.
É dupla sua mesquinhez por negar para si a oportunidade de ampliar sua carreira política com uma articulação que lhe permitiria uma maior visibilidade e envergadura no trato da coisa pública e das causas municipais.
Nesse caso, completa essa dupla mesquinhez, a sua negação diante do clamor popular, onde passa negar para a comunidade o benefício oriundo da redução da gastança e dos privilégios tão arraigados na Casa de Leis escancarando sua visão estreita e míope no quesito política para um novo momento por qual o nosso sofrível país clama sem parar.
COSTURAS NOS BASTIDORES
Na sessão desta terca-feira, 29, o que se constatou foi que a ausência do presidente na Casa não passa de uma manobra para que o desgaste não lhe tire o foco da transição na presidência para 2017. Presidiu a sessão, o vice-presidente Valdônio (PSB) ocasião em que o debate fluiu de forma mais branda e democrática. Especula-se na Casa que o Projeto de Lei será apresentado na primeira sessão de Dezembro.
DIAS MELHORES
Diante de tanta pressão, o que se pode vislumbrar são dias melhores para os cidadãos desta cidade a partir de uma análise mais solidária para as causas do movimento e demais demandas contidas no município. Do contrário, o Parlamento de Gurupi permanecerá desprezando o clamor popular de forma cínica e mesquinha.
Emílio Lopes é escritor e jornalista com passagens pelos Jornais O Norte de Araguaína e O Girassol de Palmas