A trajetória para chegar em um dos lugares mais surreais do Tocantins: O Cânion Encantado.
por Régis Caio
Uma das belezas naturais que o estado mais novo da federação oferece está na região sudeste, no município de Almas. O Cânion Encantado foi descoberto recentemente, por isto ele ainda é desconhecido para muitos tocantinenses, porém visitado por turistas, na sua maioria de outros estados e que gostam de um desafio radical. Fui um dos primeiros a desbravar o lugar nas várias vezes que estive em Almas, a última foi em 2019, antes da pandemia. Esta reportagem será contada a primeira vez que visitei o local.
Como chegar
O cânion são quatro quedas d’água simultâneas com mais de 70 metros de altura e pode ser contemplado tanto por cima, como por baixo. Para chegar lá, fui com o Gilvane Elias, conhecido popularmente na região como Alminha, um guia que conhece tudo sobre cerrado e fauna. “Tem que ter muito preparo físico, pois a caminhada é longa”, alerta Alminha antes de guiar todos os seus turistas.
Partimos de Almas e percorremos de carro 70 km de estrada de chão até chegarmos na propriedade do senhor Jurandir, dono da fazenda onde fica localizado o Cânion. Lá, o trajeto passa a ser por meio de caminhada (O uso de perneira e botas é obrigatório) percorrendo uma trilha extensa até o destino final. São 06 km, ida e volta, para fazer a visitação por baixo e é necessário trilhar 700 metros de descida. O grau de dificuldade é enorme.
Boa parte do percurso é feito ao redor de um riacho onde os aventureiros passam algumas vezes de um lado para outro. De repente o Alminha avisa: “Cuidado! olha para o chão e fica atento”. Quando vi me deparei com uma cobra de aproximadamente 1,5 metro passando na nossa frente. “Aqui é terreno delas por isto devemos respeitá-la”, diz o guia no momento em que observávamos a serpente indo embora em meio ao matagal fechado.
O condutor relata que a região por ser pouco desbravada é repleta de répteis e que há uma protetora do Cânion, apelidada pelos turistas de Celeste, uma sucuri-verde de aproximadamente 3 metros. “Ela direto aparece e chama a atenção dos visitantes, todos acabam tirando fotos, mas tem dias que ela some”.
Destino Final
Antes de chegarmos na cereja do bolo é feita uma visitação obrigatória em uma gruta escondida pelas matas. Entrando lá, nos deparamos com uma linda cachoeira de quase 90 metros de altura e com um visual de encher os olhos. Andorinhas transitam com frequência e fazem sua morada.
Ao sair da gruta, é percorrido poucos metros até a chegada das quedas do Cânion Encantado, um verdadeiro espetáculo, pois as águas formam um pequeno lago ao redor de uma prainha, onde é possível tomar banho. Andando um pouco mais o desafio agora é fazer uma trilha aquática para visualizar a última queda, com a água batendo na região do abdômen. “Esse trecho é onde mora a Celeste, só fique esperto pois você pode pisar nela”, orienta Alminha, explicando mais uma vez a importância de utilizar as perneiras.
O barulho das águas caindo é sensacional e o canto dos pássaros mostram a suavidade deste lugar que transmite paz e tranquilidade. Foram três horas desde o início da trilha até a volta, vale destacar que no retorno tem que subir o morro, mas só de estar em um lugar como este valeu a pena, pois é um verdadeiro cenário de filme jurássico.