Heliana Oliveira/OAB/Gurupi
A primeira palestra foi ministrada pela advogada Cândida Nóbrega que falou sobre a “Advogada Empreendedora”. Segundo ela, o empreendedorismo nasce de diversas situações e a advogada empreendedora precisa ter coragem, autoconfiança, proatividade, paixão, senso de oportunidade e habilidade de relacionamento. Sobre esse último, Cândida destacou que a mulher sai à frente, pois se relaciona melhor com as pessoas e isso facilita a conquista de clientes.
Outro ponto importante elencado por ela foi a motivação. Segundo ela, se não houver motivação a profissional dará um passo ao fracasso. “A motivação tem que ser maior que os contratempos que surgem”, ressaltou.
A advogada deu algumas dicas para empreender como: desenvolver um plano de negócio, fazer um estudo de mercado, verificar suas próprias habilidades, trabalhar bem as técnicas de marketing.
Cândida enfatizou que no processo de empreender é necessário a advogada estabelecer metas, desenvolver o espírito de liderança, persistir e delegar tarefas. Para ela, alguns erros devem ser evitados, como não sair da zona do conforto, não arriscar, e desistir após o primeiro erro.
A segunda palestra abordou o tema “violência doméstica e feminicídio”, com Ilka Teodoro. Ela salientou que a violência é uma questão sociológica e jurídica. Afirmou que conforme estudos, a cada 15 segundos uma mulher é agredida. Há estudos que retratam que a casa/lar é o local em que a mulher está menos segura, pois 56% das mulheres que vivem uma relação afetiva sofrem ou já sofreram algum tipo de violência dentro de suas casas e, o dia da semana que isso mais ocorre é aos domingos, entre as 18h e 21h. A faixa etária dos agressores varia entre 12 a 60 anos ou mais, mas, os homens mais agressores têm entre 25 e 30 anos.
Ilka ressaltou que a violência inicia com brigas, ciúmes, intimidações, xingamentos e vai evoluindo até chegar à agressão física, e por fim, ao feminicídio. “O feminicidio é o último capítulo da violência e quando ele acontece a mulher já vinha sofrendo há muito tempo variados tipos de violência”, afirma.
Para a ativista a mulher mesmo depois de morta não tem paz, pois carrega a culpa de ter sido assassinada. “Os julgamentos não são sobre os assassinos, mas sobre as assassinadas. Questionam se a mulher não provocou o homem para que ele cometesse o crime, com situações de traição, com provocação de ciúmes por usar determinado tipo de roupa”, exemplifica.
O sistema patriarcal, segundo Ilka, é o grande colaborador da violência. “Esse sistema coloca a mulher numa condição de submissa, de cidadã de segunda categoria. Acredito que desconstruindo esse patriarcado alcançamos a igualdade”, ressaltou.
Ilka comenta que apesar da mulher já ter alcançado um patamar de empoderamento, ainda tem um caminho longo para percorrer. “Infelizmente hoje no Brasil temos apenas 10% de mulheres ocupando os espaços na política. A mulher ainda é vítima de violência de formas variadas e só conseguiremos avançar com uma mudança de cultura e o empoderamento delas para que a igualdade seja uma realidade material”, explanou.
Ilka destacou que a Organização Mundial das Nações Unidas tem a previsão de que até em 2030 as mulheres tenham ocupado 50% dos órgãos de representação. “Sou bastante otimista e acredito que temos como acelerar o processo e conquistar paridade em representação, e assim, teremos uma sociedade mais justa, mais humana”, finalizou.