O advogado José Fortaleza Lopes tinha 57 anos quando foi morto na cidade de Figueirópolis, pelo agricultor Airton Gross, com três tiros pelas costas. Fortaleza estava na condição de advogado ao tentar fazer um acordo de separação judicial entre o agricultor Airton Gross e sua esposa, Noeli Gross, na sede da fazenda do casal.
De acordo com a advogada Celma Milhomem, após ser informado dos motivos da visita, o condenado Airton Gross alterou-se, passando a gritar e, de imediato, adentrou a casa, momento em que sua ex-esposa pediu aos presentes que corressem.

O inquérito aponta ainda, que ao tentar passar por uma cerca, a vítima foi atingida, nas costas, por dois projéteis, vindo a cair de joelhos, momento em que colocou as mãos na nuca e pediu ao denunciado “não me mate, pelo amor de Deus”, ao que este respondeu: “que Deus que nada”, efetuando, ainda, um terceiro disparo, e somente depois de constatar a morte, empreendeu fuga do local.
No momento do crime o advogado, José Fortaleza, estava acompanhado da advogada Leila Streflingque que a tudo presenciou e que só não foi atingida também porque empreendeu fuga e conseguiu adentrar a mata que havia próxima à casa juntamente com a ex-mulher do condenado Airton Gross.
Julgamento

A sessão plenária de julgamento do advogado, José Fortaleza Lopes, ex-Secretário Geral da OAB/TO, ex-Presidente da OAB/TO subseção de Gurupi, aconteceu no dia 21 de maio de 2012 na comarca de Alvorada (TO).
Na sessão de julgamento a OAB/TO foi representada pela advogada Celma Milhomem Jardim, que atuou na assistência da acusação e o Réu foi condenado a cumprir 12 anos de reclusão por homicídio qualificado.
O Réu recorreu da decisão
No entanto, segundo a advogada, Celma Milhomem, o Réu recorreu da decisão, e processo só retornou do Tribunal de Justiça em meados de fevereiro deste ano e após os trâmites legais, no início do mês de abril (04/04/2016) a Juíza de Figueirópolis-TO expediu o mandado de prisão, sendo que o assassino Airton Gross foi preso no dia 06 de abril 2016 para cumprir a pena de reclusão de 12 anos.
“Após 17 anos esperando por justiça, os familiares, amigos e colegas advogados do saudoso advogado Dr. José Fortaleza Lopes, homem trabalhador, decente, ético, extraordinário pai e esposo, inestimável amigo e ser humano de rara bondade, puderam regozijar-se do sentimento de justiça por uma perda irreparável, num crime bárbaro, com requintes de maldade e frieza contra um cidadão de bem que só estava trabalhando”, disse a advogada Celma Milhomem.

A advogada falou ainda sobre o sofrimento da viúva, Dona Neide, e das filhas Janaína e da Monique (filhas) durante mais de 17 anos que decorreram entre a morte do Dr. Fortaleza e a prisão de seu algoz na esperança por justiça.
“De fato é uma dor que somente cada uma delas sentiu e sente todos os dias de suas vidas e o que pude vivenciar foram momentos de alegria ao frequentar a casa desta família por muitos anos, ainda na minha adolescência, e poder testemunhar quão alegre e feliz era aquele lar”, desabafou a advogada.
Diante a resposta da Justiça, a advogada Celma Milhomem, afirmou ao Portal Atitude que jamais imaginaria que décadas depois que ela estivera no Plenário, como representante da OAB, na presença da sua afilhada e amiga de sua “afilhada e amiga de adolescência Carlinha, sua mãe e suas irmãs, que tiveram seus planos desviados, seus projetos abortados, suas carreiras interrompidas e viram a solidez de seu lar escapar pelas mãos como água”.
O sentimento em dividir a emoção entre advogada e amiga da vítima e de amigos da família foi lembrado pela advogada.
“No momento em que me vi nos olhos de cada uma delas, a esperança que brotava nos seus corações, o clamor de suas almas por um lampejo de consolo e sossego, se é que podemos dizer que ainda seja possível aquietar corações tão sofridos e tão flagelados pela dor, foi muita responsabilidade, muito além de uma representação de classe. Eu fui a dor, eu fui a saudade, eu fui o amor da esposa, eu fui o amor da filha, fui a cadeira vazia, fui o netinho sem avô, mas acima de tudo fui o amor… Amor pela justiça que tardou, mas não falhou.” Concluiu a advogada.