Aos 85 anos de idade e 57 dedicados à profissão, Francisco Gomes de Oliveira, conhecido em Gurupi como Chico Barbeiro deixou abandonou a tesoura e fecha as portas do Salão Oliveira onde ainda permanecem relíquias conservadas há mais de 40 anos e que não pode ser desfeita.
por Wesley Silas
A história de Chico Barbeiro dá vida à memoria do povo de Gurupi. Natural da cidade de Miracema, Chico Barbeiro chegou em Gurupi no ano de 1958, época quando ele era solteiro e a cidade era distrito de Porto Nacional. Foi em Gurupi que ele se casou, criou filhos, netos e bisnetos e hoje acompanha o desenvolvimento da cidade. “Quando cheguei era tudo agreste e estavam abrindo as ruas no facão e no machado. Ali onde é hoje a Caixa Econômica tinha um “carreirão” de porco queixada que passavam da mata do Gurupi para o Pouso do Meio”, conta o pioneiro.
Ele cita que o primeiro salão que ele montou foi próximo a “Rua da Mata”, hoje Rua 13, local onde iniciou o povoamento de Gurupi. “Eu tinha dois anos de profissão quando cheguei a Gurupi e comecei com o salão na Avenida Goias perto da Rua 12. Escolhi o local porque a cidade ficava naquela região. Depois eu e o José Luiz e João Fernandes alugamos um cômodo do João Paraíbano, onde hoje é a Lojas Americanas. Depois mudei para a Rua 05 onde fiquei por 30 anos”, disse.
Um fato curioso da história de Chico Barbeiro é que nos 55 anos que mora em Gurupi ele visitou Palmas pela primeira vez no final do ano passado e nunca conheceu as cidades de Peixe e Dueré. “Não conheço nem Dueré e nem Peixe. Só fui em Goiânia e duas vezes em São Paulo visitar a minha filha. Fui em Palmas pela primeira vez no final do ano passado”.
Ele afirma que entregou a tesoura por ter esvanecido a força das mãos. “Não é falta de vontade de trabalhar é porque as forças se foram. Destes 57 anos de profissão não tive 30 dias de falha”, afirma.
Preservação da memória
Apesar de ter aposentado o salão ainda continua intacto com cadeira e acessórios que continuam bem conservados há mais de 40 anos. Como torcedor do Vila Nova e do Vasco da Gama, na parede do salão ele ainda guarda a sua paixão pelo esporte e registro dos movimentos políticos da cidade e que podem ficar perdido na história dos gurupienses, caso caia nas mãos de pessoas erradas e a Secretaria Municipal de Cultura não resgate este patrimônio histórico. “Eu estou vendendo a cadeira e os acessórios por R$ 2 mil ou R$ 3 mil”, disse.