Tutal Avá-canoeiro e sua família viviam de favor na aldeia Kanuanã na Ilha do Bananal, no município de Formoso do Araguaia. O corpo dele vai ser velado e enterrado na aldeia kanuanã.
O índio Tutal Avá-canoeiro, era o mais velho de um grupo de índios que ainda sobrevivem de favor na aldeia Canoanã, no município de Formoso do Araguaia.
Conforme foi divulgado por este portal, em fevereiro deste ano ele chegou a ser submetido a uma cirurgia neurológica para retirada de um tumor no cérebro e, apesar da gravidade, não teve assistência, como deveria, da Casa de Saúde Indígena de Gurupi (CASAI), e simpatizantes da causa tiveram que fazer uma campanha para arrecadar fraldas geriátrica.
Os avá-canoeiros
No artigo Os avá-canoeiro do Araguaia hoje: uma perspectiva de futuro, a antropóloga Patrícia Mendonça, esclarece que os avá-canoeiro ficaram conhecidos como um povo que resistiu ao colonizador, recusando-se a estabelecer contato pacífico. A perseguição e o extermínio da maioria levaram à sua dispersão e fragmentação em dois grupos. Apesar de eventuais confrontos, uma utilização diferenciada dos recursos naturais permitiu a convivência de um desses grupos, em um mesmo território, com os inimigos históricos javaé, pescadores e agricultores que se utilizavam preferencialmente das lagoas e rios. Devido à intensa perseguição, os avá-canoeiro se movimentavam mais no espaço e haviam abandonado a agricultura, tornando-se coletores e caçadores. Por questões de segurança, priorizavam as matas dos terrenos mais elevados entre os cursos d’água.
Após décadas de violências fomentadas pela sociedade regional e pelo Estado e convivência forçada e inferiorizada em território de etnia rival, a situação dos avá-canoeiro é considerada dramática. Apesar das severas condições alimentares terem sido relativamente atenuadas com o recebimento de aposentadorias e recursos de programas assistenciais nos últimos anos, sua marginalização social é reforçada de vários modos, um deles o não atendimento de seus pleitos em condições de igualdade com outros grupos étnicos.
Os sobreviventes do primeiro contato são apenas três pessoas, mas um grupo de descendentes que continuou se reproduzindo com índios javaé, tuxa e karajá soma hoje cerca de 20 pessoas. Apesar do forte contexto de discriminação, o grupo está em expansão, se autoidentifica como avá-canoeiro e mantém a língua de origem tupi-guarani viva, além de importantes conceitos e práticas culturais que os diferenciam de outras etnias indígenas e dos não índios. (Com informações do MPF).