Amparados na Lei 7.708/1988, que criou a Fundação Universidade Federal de Gurupi, professores e alunos do Campus da UFT aprovaram em consulta interna a institucionalização do Campus da UFT de Gurupi para Universidade Federal. “Todos estão de acordo com a criação e independência administrativa do Campus de Gurupi em relação a Universidade Federal do Tocantins (UFT)”, explica o professor Rubens Ribeiro.
por Wesley Silas
De acordo com os professores consultados pelo Portal Atitude, a institucionalização do Campus da UFT de Gurupi para Universidade Federal, ou seja, elevação do Campus para Universidade, foi aprovada em consulta interna e a partir de agora buscará apoio das instâncias políticas e aprovação da sociedade para que a proposta seja encaminhada para o Ministério da Educação.
“A institucionalização do Campus de Gurupi, pensando no âmbito de município, será uma das maiores fábricas que deverá acontecer em Gurupi. Ou seja, se nós temos hoje cerca de 1.100 alunos e se colocarmos 20 mil acadêmicos nós teremos a possibilidade de valorização de alugueis, supermercados, com grande atrativos e a maiores demandas de investimentos para o município de Gurupi, onde já temos uma grande instituição como a Unirg”, defende o professor do curso de Engenharia de Bioprocessos e de Biotecnologia, Raimundo Vagner.
O coordenador do curso de pós-graduação em Biotecnologia, Dr. Gessiel Newton Scheidt, defende que o Campus de Gurupi está preparado para ser transformado em uma Universidade, pois possuiu qualidade, extremamente, alta e tem no seu quadro, aproximadamente 95% de professores doutores e se tornou uma instituição referência na região Norte do País, com quatro cursos de graduação e mestrados em Biotecnologia, Química, Ciências Florestais e mestrado, além de um doutorado em Produção Vegetal.
“É muito importante não só para a nossa instituição de Gurupi, mas para o avanço da cidade. Caso o Campus de Gurupi venha a desmembrar da UFT será valioso para a região como um todo, seja para novos cursos, novos professores, a economia da cidade vai ser mais pujante e o conhecimento que nós podemos gerar aqui dentro será superior ao que já é gerado hoje, tanto que nós temos o Campus mais produtivo de nível científico da UFT como um todo”, explica o professor.
Outro aficionado com o projeto é o professor do curso de Agronomia, Rubens Ribeiro. Ele explica que a decisão da criação da Universidade Sul do Estado do Tocantins foi debatida com representantes da base e discutida em cada um dos colegiados de graduação e pós-graduação e apresentado no Conselho Diretor do Campus. Ou seja, há uma predisposição da classe docente e discente para criação da universidade federal no Sul do Tocantins
“Inicialmente estamos fazendo um estudo de viabilidade técnica para saber o quanto é compensatório a criação da Universidade; mas, a princípio, todos estão de acordo com a criação e independência administrativa do Campus de Gurupi em relação a Universidade Federal do Tocantins (UFT); não que ela não esteja andando, mas, queremos andar mais por meio de uma autonomia no Campus de Gurupi para que possamos ter uma qualidade maior”, defende o professor.
Ele explica que a autonomia do Campus trará mais dinamismo aos projetos de pesquisa.
“A gestão de recursos, processos licitatório e distribuição de verbas – todos dependentes da Reitoria da UFT. Enquanto, um alto índice de produção científica produzido no Campus de Gurupi, que é maior do que a dos outros Campus, não tem a mesma compensação que deveria ter”, explica.
Em meio a crise econômica que o País enfrenta, o professor defende que, inicialmente, a elevação do Campus para Universidade não terá custo adicional para o Governo Federal, pois, segundo ele, já existe orçamento que pode ser considerado um vantagem. Ainda segundo Rubens Ribeiro, a instituição poderá ser beneficiada com programa de fomento à ciência e tecnologia, a exemplo da Finep – Inovação e Pesquisa.
“Por exemplo, a Finep libera orçamento anual para investimento em pesquisa e esta liberação é em função da produção científica pelo número de doutores e a capacidade produtiva do Campus. Agora, se a gente tiver uma independência da UFT, poderemos fazer diretamente este recurso, pois o Finep não aceita comprar dois equipamentos para a mesma universidade e, no nosso caso, se houve aquisição de um equipamento em Araguaína, Gurupi não poderá ter o mesmo equipamento. Outra questão é a Fundação de Amparo a Pesquisa onde temos uma em Palmas e a gestão de recursos de projetos ficam na pasta que não são investidos em Gurupi”, explica sobre dificuldade dos sete Câmpus da UFT que têm administração central em Palmas que recebe orçamento e faz a distribuição.
Segundo o professor Fabiano Kenji Nohama é importante a participação de todos, comunidade, academia e políticos para colocar a ideia em prática.
“A ideia do movimento em Gurupi é aproveitar a Lei 7.708/1988 que existe há mais de 20 anos de criação de uma Universidade Federal na cidade. Para isso, convocamos os professores do Campus para discutir o assunto, montamos uma comissão para fazer o estudo sobre o assunto com estatísticas, verificar a viabilidade deste Campus ser uma Universidade separada com gestão e orçamentos próprios”.
A lei
Sancionada em 1998 pelo então presidente José Sarney, a Lei Nº 7.708 autoriza o governo federal a instituir a Fundação Universidade Federal de Gurupi, com sede na cidade de Gurupi. Ainda de acordo com a lei, a Fundação tem por objetivo criar e manter a Universidade Federal de Gurupi, “instituição de ensino superior de pesquisas e estudo em diversos ramos do saber e de divulgação científica, técnica e cultural”. Para isso gozará de autonomia didática, administrativa, financeira e disciplinar.