Fabio Pisoni foi denunciado pelo Ministério Público pelo homicídio de Vinicius Catalão triplamente qualificado ocorrido em dezembro de 2007. O Portal Atitude, primeiro veículo de comunicação a acompanhar e divulgar o caso, atendeu pedido do advogado de Fábio Pisone que comenta o caso baseado em fundamentações do processo e depoimentos dos amigos da vítima, o estudante Vinicius Catalão.
por Wesley Silas
Em entrevista ao Portal Atitude, o advogado de defesa, Jorge Barros, defende que seu cliente tem sido prejudicado devido os veículos de comunicação ter mostrado apenas o lado da vítima.
“É comum na Imprensa, ao retratar um episódio onde resulta em morte violenta só mostrar um lado da moeda. No entanto, após manusear os autos, observa-se que o colocado na grande mídia não espelha a verdade absoluta”, considera o advogado Jorge Barros.
Na próxima terça-feira, 24, Fábio Pisoni, filho de Itelvino Pisoni, família tradicional no ramo do comércio na cidade de Gurupi há mais de 25 anos será julgado pelo Júri Popular em razão da fatalidade ocorrida após uma “balada” de jovens universitários em local tradicional à época dos fatos, conhecido como “Le Point”, e que acabou por abalar as famílias envolvidas.
Jorge Barros considera que o Júri Popular, “soberano, imparcial e democrático”, terá a oportunidade de conhecer e avaliar as provas testemunhais e periciais para formar seu conhecimento e “julgar, sem paixões, sem preconceitos, sem prejulgamentos”, mas com “espírito de bom julgador e fazer a tão almejada justiça”.
“Não há dúvida que ocorreu uma morte, um jovem teve seu destino ceifado precocemente, mas segundo os depoimentos dos seus próprios amigos que estavam no veículo, que se verificou dentro do processo, este buscou e provocou o fatídico ocorrido”, disse.
O advogado, Jorge Barros, cita quando a namorada da vítima, Raissa Helena Costa Araújo, afirmou no processo que Vinicius dissera que a levaria para casa e retornaria para resolver uma situação (briga) e que todos estavam muito bêbados naquela noite.
“Percebe-se de todos os depoimentos prestados por todos os envolvidos no fatídico dia, que a vítima apesar de jovem, quando ingeria bebida alcoólica, como fez naquele dia, mudava sua personalidade, pois ficava agressivo, ciumento, violento e não media as consequências dos seus atos”, considera Jorge Barros.
Na sua tese, Barros afirma que “segundo o que se extrai dos autos, o acusado Fábio foi perseguido por três vezes pela vítima e seus amigos que estavam totalmente alcoolizados e agressivos”.
Ele relata que na primeira vez Fábio Pisoni, após “ser agredido verbalmente pelos amigos da vítima”, em uma festa que estava acontecendo em uma residência particular, saiu com seus amigos para evitar problemas. No entanto, quando estavam na antiga Le Point, situada na Av. Pará esquina com a Rua 09, Fábio Pisoni teria sido hostilizado novamente pela vítima e seus amigos.
“Para evitar problemas, Fábio saiu do local e foi deixar suas amigas em casa, quando ao passar novamente pelo local para deixar seu amigo Júnior em casa, a vítima jogou garrafa de cerveja em sua camionete sem qualquer motivo plausível”, cita o advogado.
Um dos depoimentos incluído no processo lembrado por Jorge Barros é o de Leonardo Veloso Melo, um dos envolvidos no caso, em que ele relata sua vertente sobre o ocorrido:
Na tese do advogado, todos os depoimentos do processo demonstram que ao sair da camionete e verificar os danos causados no seu veículo, em frente à funerária Santo Antônio, Fábio Pisoni, novamente, teria sido perseguido pela vítima com o veículo lotado pelos seus amigos.
“Inclusive com dois deles dentro do bagageiro aberto, ocasião em que Fábio pegou sua arma que estava dentro de sua camionete e disparou no capô do veículo para tentar evitar agressão por parte da vítima e seus amigos, que estavam totalmente descontrolados e alcoolizados. Segundo consta no processo, inclusive sua namorada tentou várias vezes segurar seu namorado para não ir atrás e não agredir Fábio”, considera o advogado.
Em depoimento, o jovem Thasyo Gomes Costa, amigo de Vínicius Catalão relatou em depoimento como se iniciou a confusão, sobre uma frase que Fábio Pisoni teria dito ainda na casa onde houve uma festa, antes dos jovens se deslocarem para a “Le Point” até acontecer os tiros, sendo um deles provocou a morte de Vinicius Catalão.
O depoimento de Pabblo Henrique Brito da Silva, mostrado pelo advogado, também relata sobre a confusão ocorrida na residência envolvendo cobrança da bebida na festa e um telefonema que Raissa Helena, namorada da Vinicius Catalão, teria recebido desencadeando numa briga entre o casal.
O advogado argumenta que na perícia verificou-se que todos os disparos foram em direção ao capô do veículo na “tentativa de fazer cessar a investida da vítima e seus amigos contra Fábio e seu amigo que estava na camionete”.
“Inclusive, Fábio relata no seu depoimento que não sabia que havia atingido a vítima, pois esta continuou em movimento normalmente”, disse o advogado.
Ele cita o depoimento da testemunha, Júnior Terra, que os amigos da vítima, após o acontecimento fatídico, estariam “ameaçando de morte Fábio” e a testemunha Júnior Terra.
“O que fez com que Júnior Terra que era também aluno de agronomia, só conseguir fazer sua prova na companhia de seu pai, o que reforçou a ida de Fábio para o Rio Grande do Sul já que estava ameaçado de morte pelos familiares e amigos da vítima, tudo também verificado nas redes sociais”, disse o advogado.
No final da entrevista, Jorge Barros, relata que após analisar todo o processo e as provas ele considera que todos os envolvidos teriam sido vítimas.
“Um jovem morto, outro que está há 10 anos respondendo um processo, no entanto procurou o lado do bem, já que atualmente retomou seus estudos na Unirg, tem uma pequena loja de venda de pneus, cria seu filho e, no momento, encontra-se arrependido e triste por ter ceifado a vida de outro jovem, solidarizando-se com seus familiares. Porém, naquele momento angustioso, para se proteger não lhe restou alternativa, a não ser defender-se”, considera o advogado.
No entanto, conforme matéria divulgada no Portal Atitude no dia 11 de abril, a Promotora de Justiça Ana Lúcia Gomes Vanderley Bernardes, defenderá a tese que Fábio Pisoni teria praticado de homicídio triplamente qualificado, por tentativa de homicídio triplamente qualificado e por porte ilegal de arma de fogo.
Sobre o caso
O homicídio aconteceu no centro da cidade de Gurupi, às 4h30min da madrugada do dia 08/12/2007, após uma discussão entre alguns estudantes. Naquela ocasião Fábio Pisoni, tinha 26 anos, disparou seis tiros de uma pistola automática, calibre 22, contra um Gol que tinha seis estudantes que cursavam agronomia na UFT, dentre eles estava Vinícius Duarte de Oliveira (Vinicius Catalão), que na época tinha 21 anos e recebeu dois tiros, sendo um deles causou a morte de Vinicius Catalão.