O Instituto Butantan pedirá à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorização para testes clínicos com uma nova vacina contra a Covid-19. O anúncio foi feito pelo governador João Doria (PSDB) em entrevista concedida no Instituto Butantan na manhã desta sexta-feira. O órgão paulista indicou que espera terminar a pesquisa com voluntários até julho, o que permitiria a aplicação no segundo semestre.
da redação
O novo imunizante, chamado de Butanvac, foi desenvolvido pelo próprio Instituto Butantan.
— Vamos apresentar hoje a Butanvac, a primeira vacina 100% nacional, integralmente desenvolvida e produzida no Brasil pelo instituto Butantan, maior produtor de vacinas do hemisfério sul e agora se colocando internacionalmente como um produtor de vacina contra a Covid-19 — afirmou o governador.
Segundo o diretor do Insittuto Butantan, Dimas Covas, a vacina é usada com um vírus inativado e produzida a partir de ovos embrionários, um método tradicional e utilizado para a produção da vacina da gripe. Além disso, segundo Covas, a pesquisa já introduziu conhecimentos obtidos com a produção de outras vacinas.
— Nós já estamos falando de uma segunda geração de vacinas. Já é a vacina 2.0. Aprendemos com as vacinas anteriores e sabemos o que é uma boa vacina pro Covid. Ela é mais imunogênica e, portanto, poderemos usar menores doses da vacina por pessoa. Com isso, o quantitativo de doses pode ser aumentado — disse.
Os testes clínicos, segundo o governo de São Paulo, serão feitos em voluntários que não estão incluídos no Programa Nacional de Imunização contra a Covid-19.
Segundo Covas, a vacina será produzida em consórcio. O objetivo é oferecer o imunizante para países pobres, sobretudo da África e da Ásia. Segundo ele, a expectativa é usar a vacina já no segundo semestre deste ano.
— Seremos totalmente independentes, temos uma capacidade de produção de 100 milhões de doses por ano e já podemos iniciar a produção em maio a produção de 40 milhões de doses, assim que acabar a campanha da vacinação da gripe. Agora, aguardamos a aprovação da Anvisa para iniciar o estudo clínico. Isso será feito, acredito eu, muito rapidamente, e possamos começar a usar essa vacina ainda no segundo semestre deste ano — afirmou o diretor do Instituto Butantan.
Atualmente, além do Butantan, responsável pela fabricação da chinesa Coronavac, a Fiocruz é a outra produtora de vacina contra Covid-19 no Brasil, desenvolvida pela AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford.
Segundo a reportagem, a Butanvac já passou pelos testes pré-clínicos, realizados em animais, para detectar possíveis efeitos positivos ou de toxicidade. Caso a Anvisa autorize o prosseguimento dos testes, a Butanvac passará pelas fases 1 e 2 de avaliação, quando são verificadas a segurança e capacidade de resposta imune. Somente na fase 3 é que são estipulados os níveis de eficácia do imunizante.