Conforme o jornal Público.pt, “há demasiada filas com pessoas próximas umas das outras na porta do Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa. O jornal português afirma que não têm voos confirmados para o próprio dia e a entrada está condicionada, só pode entrar um número restrito de pessoas de cada vez para se dirigir aos balcões de atendimento das companhias aéreas. Mas para isso era preciso que os balcões estivessem abertos. Não estão.
por Leonete Botelho, do Público.pt
Parte das pessoas eram passageiros do MS Sovereign, o navio de cruzeiro vindo do Recife que tinha como destino o porto de Lisboa mas, no domingo passado, foi desviado para Cádiz. O turistas foram por terra para a capital portuguesa, onde tinham os seus alojamentos marcados para uma semana e conseguiram voo para este domingo à noite. Muitos outros são meros turistas avulsos, alguns de companhias que entretanto “desapareceram” sem deixar rasto nem alternativa.
“Fomos abandonados”, dizem Jorge, Sónia, Rosa, Ijacira e Helder, sentados nos carrinhos de bagagens num canto do aeroporto onde já passaram três noites. Ali se conheceram, todos clientes da mesma companhia, a Air Europa, que entretanto já nem balcão tem no aeroporto Humberto Delgado. “Até a placa da companhia tiraram dali! Não atendem telefone, não respondem a e-mails. A única mensagem que recebemos foi um e-mail a pedir desculpas e a dizer que só haverá voo a 30 de Abril!”, contam ao PÚBLICO.
Os dois se conheceram no aeroporto, fruto da mesma incerteza. A maior parte estava em Portugal em turismo, mas Jorge trabalhava em Portugal. “Fiquei desempregado, enviei todo o dinheiro para a minha família no Brasil e tinha comprado esta viagem há três meses. Tenho sete euros na conta”, lamenta.
Rosa estava de férias com Sônia em Portugal há 20 dias. Quando souberam que o voo tinha sido cancelado, foram ao consulado do Brasil no Porto: “Estava fechado, não atendem o telefone. Ficamos sem ter com quem falar: nem embaixada, nem consulado, nem companhia aérea. Ninguém”. Estão no aeroporto há três dias, não saem dali porque sabem que depois não voltam a conseguir entrar. Helder Oliveira bebe uma bebida de uma palhinha por baixo da máscara e repete: “Fomos abandonados”.
Lucimar, Karine e Marta foram visitar um familiar por um mês. Tinham passagem para o dia 30,mas conseguiram antecipar para este domingo. Ou achavam que tinham conseguido. A reportagem do Publico as encontrou empurrando as malas para o balcão do check-in às 14h, para garantir que tinham confirmado o voo Paris – São Paulo – Vitória. Três horas depois para sair do aeroporto: “Foi cancelado. Agora só amanhã, via Amesterdão”.