Por Wesley Silas
Guth será convidado especial do Nós na Praça, evento aberto para todos os públicos, que acontece neste sábado, 28, às 16h na Praça do Centro Cultural Mauro Cunha.
Gurupi é uma cidade pequena que caminha para que no futuro próximo seja uma cidade de médio porte. Nesta trilha tem como principal obstáculo criar políticas públicas para democratizar a mobilidade urbana numa cidade que tem uma rodovia federal considerada como apartheid social do trânsito que divide 40% dos moradores da parte Oeste dos 60% dos moradores do Leste da cidade, onde fica principal Centro Comercial
Para procurar soluções por meio de debates públicos, a prefeitura de Gurupi trouxe neste final de semana o consultor de políticas de mobilidade urbana de São Paulo, Daniel Guth, que falou ao Portal Atitude sobre o termo de cooperação que está sendo feito para preparar a cidade para o futuro.
“Vamos assinar um termo de cooperação técnica com a prefeitura para estabelecer um plano de trabalho que vai mapear o diagnóstico da cidade e verificar o aspecto de mobilidade urbana de maneira geral, mas com foco muito claro na questão da ciclomobilidade. A partir deste diagnóstico, que será feito por meio de um grupo de trabalho, vamos criar um plano de ação que vai indicar possibilidade de melhores políticas públicas, melhores marcos legais e Planos de Mobilidade Urbana, Diretor Estratégico e todas essas coisas que já estão em discussão na cidade”, explicou.
Gurupi também está presente em um livro de Daniel Guth com previsão de ser lançado em 2016 envolvendo 10 cidades no Brasil que se destacaram por meio da cultura do uso de bicicletas.
“Também vamos publicar um livro no meio do ano que vem e vai apresentar para o Brasil 10 cidades de pequeno porte, incluindo Gurupi, e que estão mudando o paradigma da mobilidade e da qualidade de vida social das pessoas para a mobilidade urbana. Reconhecemos que há uma cultura interessante da bicicleta nestas cidades e o interesse é que elas não se transformem em médias cidades que cresceram desordenadamente e apenas favoreceram o transporte individual motorizado”, explica Guth.
O principal foco da mobilidade urbana defendida por Guth trata-se do uso e condições da bicicleta – um conceito que a cada dia expande nos grandes centros e em países desenvolvidos como são os casos Londres que o prefeito Boris Johnson e em Nova York o magnata bilionário Michael Bloomberg que investiram pesado em políticas públicas para incentivar o uso de bicicletas.
“A idéia é que se crie e se construa um plano de ação com participação da Prefeitura e dos movimentos sociais da cidade para continuar trilhando no caminho certo, criar política que favoreça os modos ativos de deslocamento que são aqueles que produzem externalidades positivas para a cidade. Quando a gente fala de favorecer pedestre e ciclistas nós estamos falando de uma cidade com mais qualidade de vida, mais saudável”.
Dentre as políticas públicas defendida por Guth, está a redemocratização do uso dos espaços públicos na proporção dos usuários.
“Uma cidade rica no ponto de vista da mobilidade urbana oferta maior possibilidade de diversidade com melhor equidade possível, ou seja, se você tem um terço da população se deslocando de carro e você destina 80% da malha viária para um 1/3 da população tem alguma coisa errada. Eu não posso dar 80% do espaço público para 30% das pessoas. Você tem que começar a inverter a lógica das políticas que é dar espaço para aqueles que precisam”.
Zona Azul em Gurupi
Um problema presente na vida dos gurupienses é a falta de estacionamento nas vias comerciais da cidade. Um dos projetos que está sendo implantado pela prefeitura é a Zona Azul – que em breve cobrará o uso do espaço público nas principais Ruas e Avenidas da cidade.
“A questão da zona azul é fundamental. Ter uma política de estacionamento é uma questão que deveria está intrínseca em todos Planos Diretor Estratégicos e em toda lei de zoneamento. Em São Paulo estamos vinculando a política de zoneamento à Lei de uso e ocupação do solo e zona azul é dos elementos de democratização do espaço público. Você pode usar o seu carro ou sua moto, mas que você pague pela privatização do espaço público e que isso seja cobrado do usuário”, defendeu.
Perfil dos ciclistas brasileiros
Rapidez, praticidade, saúde e custo. Esses são os resultados de uma recente pesquisa feita em todo Brasil sobre o perfil dos usuários de bicicletas adiantada pelo Consultor de políticas de mobilidade urbana, ao Portal Atitude.
“A gente acabou de soltar os resultados de uma pesquisa nacional sobre o perfil de quem usa bicicleta no Brasil. A motivação principal para as pessoas começarem a utilizar bicicleta é rapidez e praticidade, em segundo lugar está a questão de saúde e em terceiro lugar o custo”, disse. Questionado sobre as questões de poluição ambiental causadas pelos gases dos veículos, ele afirmou que: “Em São Paulo, por exemplo, 1% dos ciclistas começaram a pedalar ou continuam pedalando por questões ambientais”.
Perfil
Daniel Guth é consultor em políticas de mobilidade urbana. Foi coordenador de implantação das ciclofaixas de lazer de SP, viabilizou o mapeamento das ciclorrotas de SP, foi coordenador-geral do Programa Escolas de Bicicleta. É Diretor de Participação da Ciclocidade, líder da rede Bicicleta para Todos, co-organizador e co-autor dos livros A Bicicleta no Brasil (2015) e Desistir nunca foi uma opção (2015).