Em entrevista ao Portal Atitude o delegado Hélio Domingos de Assis Alves, responsável pela delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), afirmou que desde o mês de outubro tem acirrado a disputa pelo tráfico de drogas em Gurupi entre as facções criminosas do PCC e Comando Vermelho. Ele explicou que nos últimos cinco meses grande parte dos 41 homicídios e das 43 tentativas de homicídios ocorridas em Gurupi estão vinculadas a disputa de áreas por traficante. Nestas estatísticas não entraram os números de crimes (homicídios e tentativas) cometidos por menores de idade.
por Wesley Silas
De acordo com o delegado Hélio Domingos, a guerra entre as facções criminosas do PCC e Comando Vermelho acentuou em Gurupi a partir do mês de outubro de 2017. Dados levantados pela Polícia Civil mostram que no período de outubro a dezembro de 2017, houveram 23 homicídios em Gurupi e 12 tentativas de homicídios e de janeiro de 2018 a hoje (06 de março) foram registrados 18 homicídios e 12 tentativas de homicídios, sendo que boa parte destes números estão vinculados ao tráfico de drogas. São números que envolvem apenas pessoas de maior de idades, sem levar em conta os crimes cometidos por menores de idades sob responsabilidade da Delegacia de Crianças e Adolescentes.
“Os homicídios que não foram relacionados ao tráfico de drogas, quase sua totalidade dos casos, foram esclarecidos, como os casos dos homicídios na Copa do Craque e os que aconteceram na madruga do último domingo”, explica o delegado.

O delegado cita que boa tarde dos 41 homicídios ocorridos nos últimos cinco meses são decorrentes a uma guerra entre facções criminosas.
“Existem dois grupos (PCC e Comando Vermelho) que disputam o controle do comércio de drogas. Aqui em Gurupi esta disputa começou se acentuar a partir do mês de outubro e, em razão desta disputa, houve aumento significativo dos homicídios.
Operação Sicário
Na segunda-feira a Polícia Civil realizou a “Operação Sicário”, nome que tem dentre os significados “contratado para matar alguém”. Nela a Justiça expediu a pedido da Polícia Judiciária, 08 mandados de prisões preventivas e 12 de buscas. Todos eles foram cumpridos de forma simultâneas nos respectivos endereços com reforço de policiais civis de várias partes do Estado. Durante o cumprimento dos mandados, 07 pessoas foram presas e Leandro Moura Lopes, 24 anos, foi morto após reagir com disparos de arma de fogo contra os policiais.
“No momento da execução do mandado de prisão do Leandro, houve reação e os policiais tiveram que fazer da força necessária para conter aquela reação, mas ele não resistiu, apesar de ter oferecido a ele todos os socorros”, informou o delegado.
Para o delegado Hélio Domingos, praticamente, todos os presos na operação são pessoas que já tiveram passagem pelo presídio após cometerem diversas modalidades de crimes. No caso de Leandro Moura ele chegou a ser preso no dia 17 de fevereiro pela Polícia Militar, mas na última sexta-feira, 02, ele foi contemplado com um Alvará de Soltura e voltou às ruas novamente.
“Muitos dos representados já foram presos e responderam diversos outros processos, tanto por tráfico de drogas, homicídios ou tentativa de homicídio. Nós temos colecionados muitos áudios que são enviados de dentro dos próprios presídios. Então, há sim uma relação entre as pessoas que estão nos presídios e os homicídios que estão acontecendo”.
Prende e solta
O delegado defende que famosa expressão de que a Polícia prende e a Justiça solta faz parte do cumprimento da legislação brasileira.
“Confesso no meu ponto de vista, que a legislação atual não é a melhor, mas é a que nós temos. A questão de prende hoje e solta amanhã são nuances da lei e o que podemos afirmar é que se for necessário prender novamente vamos prender. Não podemos ficar observando este enxuga gelo sem fazer nada, temos que fazer a nossa parte porque se a Legislação não atende de forma eficaz os anseios da sociedade nós temos que aguarda por uma alteração na legislação”, disse.
Parceria Polícias Civil e Militar
De acordo com o delegado, todas as informações que são passíveis de compartilhamento, são feitas entre as duas polícias, mas, há exceções em casos em que o compartilhamento coloca em risco a eficácias das investigações.
“Aqui em Gurupi o relacionamento é bem tranquilo e não temos problemas de compartilhamento de informações. A sociedade tem que entender é que a função da Polícia Militar é preventiva. É claro que a maioria dos flagrantes vão ser efetuados pela Polícia Militar porque é ela que está na rua no momento da execução do crime. Enquanto nós (Polícia Civil) trabalhamos no momento posterior, na repressão e, a partir que o crime for cometido, o nosso deve é elucidá-lo”, disse.