Nesta reportagem especial, relembre o caso e os bastidores da investigação que culminou na prisão e condenação dos envolvidos neste assalto. O crime assustou os gurupienses no dia 11 de junho de 2017.
Por Régis Caio
Era noite de domingo, por volta das 21h30, quando criminosos armados invadiram o centro de Gurupi. Encapuzados e com armas de grosso calibre, eles espalharam pânico e assustaram a todos usando a tática criminosa intitulada de Novo Cangaço. Nos estabelecimentos comerciais da Avenida Pará pessoas eram selecionadas pelos bandidos e feitas reféns; elas foram levadas para a agência do Banco do Brasil, localizada a poucos metros dali, de onde os assaltantes começaram toda a ação.
Rapidamente os marginais explodiram a agência bancária, incendiaram veículos e passaram longos minutos efetuando disparos, intimidando qualquer poder de reação contra eles. Com o objetivo concluído, que era o dinheiro que estava no cofre, os suspeitos fugiram dando tiros e levando os reféns, que foram liberados em uma estrada vicinal conhecida como Baliza.
No geral muitos prejuízos, algumas lojas perto do banco tiveram as vidraças quebradas, carros queimados e uma mulher foi atingida durante o tiroteio e precisou passar por cirurgia. “Foi um momento de muito terror naquela noite”, lembra o empresário José Filho, que foi uma das pessoas selecionadas pelos acusados para servir de escudo humano.
Ainda na madrugada, a polícia começou a “caça” aos criminosos, contando com reforço de policiais de Palmas e do estado de Goiás. A investigação do roubo ficou por conta da Delegacia Especializada em Investigação Criminal de Gurupi (Deic/Sul), que iniciou as diligências para localizar o grupo responsável pelo ato ilícito. Próximo a Cariri, os delinquentes abandonaram um caminhão e duas caminhonetes durante a fuga. Nos veículos a polícia encontrou pacotes de dinheiro com cerca de R$ 5 milhões e 68 kg de dinamites.
Investigação e prisões
Após trabalho investigativo e de posse das informações do paradeiro dos suspeitos do roubo, no dia 26 de junho, policiais da Deic Sul e Deic Norte efetuaram a prisão de Mayllon Pereira dos Santos, o Gaúcho, de 25 anos, e Michel Andrade de Castro, de 32 anos, em uma casa no município de Araguaína.
Na casa onde estavam, a Polícia Civil apreendeu R$ 1.215 em dinheiro, uma pistola calibre 380 com um carregador e vinte munições intactas, dois aparelhos celulares, cartões bancários e anotações diversas. Já em Goiânia, três dias antes dessas duas prisões, a equipe da Deic Sul, com o apoio do Grupo Antirroubo à Banco da Polícia Civil de Goiás e da 2ª Seção da Polícia Militar de Goiás, prendeu Marcos Miranda Pimentel, de 33 anos, também envolvido no assalto ao Banco.
Em poder de Marcos, foi encontrado um veículo de cor branca, semelhante ao que foi utilizado na ação em Gurupi, R$ 3.410 em dinheiro e um aparelho celular. “Após investigações descobriu-se que Marcos, que reside nas cidades de Alvorada e Goiânia, foi o responsável por dar todo o suporte logístico para a quadrilha, inclusive durante o levantamento prévio, quando os criminosos coletaram informações para a realização do roubo”, afirmou o delegado responsável pelo caso, Rafael Fortes Falcão.
Já neste ano, outro integrante do bando que aterrorizou Gurupi foi preso. Adriano da Silva Brandão, também conhecido no mundo do crime como Pânico ou General, foi detido em abril pela PC do Pará na cidade de Dom Eliseu, no sul do estado paraense. Foragido do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís, no Maranhão, Adriano era procurado em vários estados por envolvimento em assaltos a bancos. Segundo a polícia, ele é considerado bastante perigoso e contra ele existiam mandados de prisão preventiva emitidos no Maranhão, no Tocantins e no Pará.
Confronto armado
Ainda durante a operação três assaltantes foram mortos na cidade de Marabá, no Pará, em confronto com a polícia: Mário Vieira Coutinho Filho, Marcondes Barbosa Coutinho e Carlos Adriano de Souza Costa reagiram efetuando vários disparos de arma de fogo, sendo necessário o uso da força para fazer cessar a agressão, resultando na morte dos envolvidos. Em poder deles foram encontradas e apreendidas pistolas, carregadores de 30 disparos, além de um revólver, munições e documentos falsos.
A Deic lembra que nas diligências ocorridas, já na cidade de Parauapebas (PA) aconteceu outro confronto, dessa vez com Marcelo Valdir Fabriciano, o Tarzan, assaltante de banco procurado nacionalmente e de extrema periculosidade. “Tarzan era mentor de diversos roubos à instituições bancárias na região centro-norte do país, dentre eles o ocorrido na cidade de São Miguel do Araguaia (GO) no dia 14 de janeiro de 2016, quando a quadrilha matou uma mulher com um tiro de fuzil e feriu mais de quinze pessoas”, informou Falcão.
Condenação
Mayllon, Michel e Marcos foram condenados a 11 anos e três meses de reclusão pelo roubo a agência bancária. Os acusados foram também qualificados pelo crime de latrocínio consumado durante a fuga ao atingir Raylane Morais na Rua S-15 no setor Sol Nascente. “Os denunciados, utilizando-se de fuzis, efetuaram disparos na direção de veículos em movimento, vindo a atingir a vítima Raylane Rocha de Morais […]A vítima teve lesões graves, restando configurado o crime de latrocínio consumado”, cita a magistrada Joana Augusta.
Com relação aos veículos apreendidos na operação, eles serão repassados para a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Tocantins. Já o preso Adriano da Silva Brandão, até o fechamento desta reportagem, ainda não havia saído a sua sentença.
Foragido
De acordo com a Deic, apenas um assaltante do BB de Gurupi segue foragido e está sendo procurado. O homem é conhecido apenas como Seu Zé. “Estamos procurando o único suspeito que resta dos envolvidos neste assalto e qualquer informação, a comunidade pode estar nos informando, que será mantido o sigilo”, disse o delegado. Quem souber do paradeiro de Seu Zé pode estar ligando pelo telefone 197 ou pelo telefone (63) 3312-4579.
Reforma ao banco
Parte da estrutura da agência ficou toda destruída com este crime que assustou moradores de Gurupi. Após um ano, a reforma ainda não foi concluída por completo, o caso foi solucionado e os envolvidos presos e condenados. Cenas trágicas como as daquela noite de 11 de junho de 2017 gurupiense nenhum quer que se reprise.