“Não se engane com o pensar coletivo e nem se iluda com suas emoções fugazes, afinal, tudo em nossa vida corresponde a um processo de construção a partir das experiências vividas conforme o contexto, o lugar e as pessoas que fazem parte da história de cada um. Quando tomar uma decisão saiba por que decidiu e vislumbre suas conseqüências. Isso se chama maturidade”, João Nunes da Silva.
João Nunes da Silva
Doutor em comunicação e cultura contemporâneas, Mestre em Sociologia e professor da UFT Campus de Arraias. Trabalha como projeto em cinema e educação
A vida é finita, simples e bela e cada um é responsável pelo seu destino. Nossas escolhas direcionam nosso destino.
É fato que muitas vezes fazemos escolhas e temos atitudes que nem sempre favorecem um destino melhor e, ao contrário, criamos problemas enormes para o futuro em função da imaturidade; o que se dá em razão da idade ou devido à formação insuficiente inerente aos contextos cujas opções podem revelar fraquezas de caráter ou coisa do tipo.
Mas as péssimas escolhas feitas em momentos fugazes e de imaturidade não devem ser vistas como algozes do nosso futuro e do nosso envelhecer. Tais marcas devem servir para nos tornar melhores, principalmente quando temos a capacidade de perceber os erros, de se perdoar e de seguir em frente.
Como resultado se terá paz e tranqüilidade para saber lidar com os erros que possam vir a acontecer, o que é absolutamente normal para um humano.
A paz começa em cada um de nós, quando estamos dispostos a ouvir nossas intuições, resultado da percepção clara dos sinais que se dão á medida da nossa vivência e das experiências cotidianas.
Perceber os sinais não é nada sobrenatural, é simplesmente humano e fruto da capacidade de associar cada gesto, momentos, ações e emoções conforme se apresentam em sua dinâmica em cada comezinho da vida.
Quando damos ouvidos ao que o nosso cérebro foi capaz de registrar nas nossas vivências cotidianas sem que tenhamos percebido, mas foi registrado, a isso chamamos de intuição; portanto, ouça sua intuição, pois ela nunca falha.
É preciso também saber olhar adiante do que vemos e não se enganar com as sensações momentâneas e com a forma de pensar das coletividades as quais correspondem à cultura.
Nem sempre o que é cultural é algo tão bom como imaginamos; tudo o que é cultural é fruto de percepções da coletividade, de modos de pensar construídos ao longo do tempo os quais se materializam nas atitudes e ações dos indivíduos; o preconceito, por exemplo, é fruto disso.
O nosso modo de pensar, nossas opiniões não são tão originais como pensamos; na verdade, em geral pensamos a partir do que fomos capazes de assimilar da cultura, ou seja, da polifonia da coletividade.
Em conseqüência desses modos de pensar constituídos pelas coletividades ao longo do tempo, muitas vezes agimos sem perceber que simplesmente estamos colocando em prática o que nos ensinaram ou nos incutiram ao longo do tempo. Nem sempre o que nos foi incutido é positivo.
Os nossos erros correspondem sim as nossas individualidades e idiossincrasias; corresponde a particularidade do ser humano em sua complexidade. Pensar assim significa que o tempo todo nós estamos aprendendo e devemos estar dispostos a aprender.
Não se engane com o pensar coletivo e nem se iluda com suas emoções fugazes, afinal, tudo em nossa vida corresponde a um processo de construção a partir das experiências vividas conforme o contexto, o lugar e as pessoas que fazem parte da história de cada um. Quando tomar uma decisão saiba por que decidiu e vislumbre suas conseqüências. Isso se chama maturidade
O aprender é o caminho para a construção da paz interior, que por sua vez se expande à sociedade. Isso não significa negar o conflito, pois, é pelo conflito que sabemos quem somos quando somos capazes de reconhecer nossas limitações as quais se mostram nas relações sociais.
Sim, é preciso paz pra poder sorrir, mas isso também se aprende no caminhar.