por Wesley Silas
Em um cenário escuro para alcançar a luz de muitas respostas, a ciência tenta desvendar paradigmas da pandemia da Covid-19 como tratamentos adequados e o fenômeno das mortes entre os homens.
Dados Epidemiológicos (COVID-19) do Integra Saúde do Governo do Tocantins, aponta que 53,63% dos 176.801 casos confirmados da Covid-19 no estadão são do sexo masculino e 59,7% dos óbitos também são do gênero masculino, entre os 2.839 óbitos.
Para o médico e Secretário Estadual de Saúde, Luiz Edgar Leão Tolini, não há comprovação científica sobre maior incidência de homens mortos em decorrência da Covid-19, quando comparado com as mulheres.
“Estudos estão sendo feitos por algumas comunidades científicas internacionais porque isso também ocorre em outras partes do mundo, mais minha impressão pessoa minha de forma empírica é que os homens são mais imprudentes, enquanto as mulheres são mais comedidas”, disse.
Em busca de respostas existem vertentes científicas que defendem a genética feminina como fator protetor contra o coronavírus. Em matéria publicada no jornal El País, por Nuño Domínguez, ainda não está claro as respostas da vulnerabilidade masculina à Covid-19. Segundo Nuño as diferenças entre os gêneros vão muito além dos órgãos sexuais.
Fundamentado em estudos científicos, a reportagem do El País aponta que “dias após a infecção, há pessoas que começam a produzir grandes quantidades de proteínas inflamatórias que, em tese, deveriam alertar as tropas de elite do sistema imunológico. Mas essa sobrecarga inflamatória acaba colapsando as defesas e dinamitando o funcionamento dos pulmões. É a agora famosa tempestade de citocinas, o nome das moléculas inflamatórias que podem agravar a doença até a morte”.
Ele cita ainda que o homem por possuir um único cromossomo X, herdado da mãe, e um cromossomo Y, do pai, as mulheres estão mais protegidas da Covid-19 por possuir duas cópias do cromossomo X, uma de cada um dos pais.
Segundo o El País, o cromossomo X contém vários genes fundamentais para o correto funcionamento do sistema imunológico. Cita ainda que há alguns meses, uma equipe de médicos da Holanda analisou pares de irmãos, todos homens, jovens na casa dos vinte anos, que adoeceram de covid grave e um deles inclusive morreu. A análise genética revelou um defeito no gene TLR7. “Esse gene produz proteínas muito importantes para detectar a entrada de um vírus no organismo”, destaca Anna Planas, do Instituto de Pesquisas Biomédicas de Barcelona (CSIC). “Este gene está localizado no cromossomo X.” Os homens afetados tinham apenas uma cópia do gene e era defeituosa. Por outro lado, as mulheres têm uma vantagem importante nesse aspecto.
Letalidade dos municípios do Tocantins
Segundo o Integra Saúde, a taxa de letalidade Tocantins é de 1.6%, bem abaixo a do Brasil 2,8% (entre 100 pessoas que pegaram Coronavírus, 2,8% foram a óbito). No comparativo entre as 05 maiores cidades do Tocantins, Paraíso do Tocantins possui a maior taxa de letalidade com 2.21% dos pacientes com 102 óbitos o gênero masculino e 59 feminino, seguido por Porto Nacional a taxa de letalidade é de 2.03% com 105 mortes de homens e 61 mulheres. Em Gurupi a taxa de letalidade é de 1,70% foram a óbitos em decorrência à Covid-19 108 homens e 71 mulheres, porém falta atualização dos dados devido os números do Boletim do município apontar 202 mortes. Palmas a letalidade é de 1.25% e soma 308 óbitos de homens e 215 mulheres.
Segundo o Integra Saúde, os municípios de Mateiros, Crixás do Tocantins, Sucupira e Taipas do Tocantins possuem taxa de letalidade zero, obviamente sem nenhum óbito desde que iniciou a pandemia.
Confira abaixo quais os municípios com taxas de letalidades acima de 2%.
Município | Óbitos | Letalidade (%) | Homens | Mulheres |
Conceição do TO | 08 | 6.67% | 04 | 04 |
Barra do Ouro | 06 | 4.96% | 03 | 03 |
Novo Alegre | 03 | 4.62% | 01 | 02 |
Monte Santo TO | 06 | 4.41% | 02 | 04 |
Jaú do TO | 08 | 4.04% | 05 | 03 |
Nova Olinda | 36 | 3.91% | 18 | 18 |
Aliança do TO | 20 | 3.58% | 13 | 07 |
Ipueiras | 04 | 3.33% | 01 | 03 |
Colméia | 24 | 3.28% | 15 | 09 |
Centenário | 06 | 3.14% | 05 | 01 |
Dueré | 09 | 3.01% | 07 | 02 |
Itaguatins | 14 | 2.87% | 10 | 04 |
Barrolândia | 20 | 2.81% | 09 | 11 |
Brejinho de Nazaré | 12 | 2.80% | 08 | 04 |
Araguanã | 12 | 2.78% | 07 | 05 |
Lagoa do TO | 06 | 2.61% | 05 | 01 |
Dois Irmãos | 16 | 2.60% | 12 | 04 |
Silvanópolis | 23 | 2.58% | 09 | 14 |
Praia Norte | 07 | 2.54% | 03 | 04 |
Caseara | 12 | 2.53% | 08 | 04 |
Esperantina | 15 | 2.51% | 11 | 04 |
Miracema do TO | 44 | 2,47% | 24 | 20 |
Nova Rosalândia | 09 | 2.38% | 05 | 05 |
São Miguel TO | 14 | 2.37% | 08 | 06 |
Bom Jesus do To | 03 | 2.36% | 01 | 02 |
Marianópolis | 08 | 2.31% | 06 | 02 |
Guaraí | 65 | 2.31% | 37 | 28 |
São Valério | 08 | 2.30% | 06 | 02 |
Araguaçu | 18 | 2,28% | 13 | 05 |
Abreulândia | 06 | 2.27% | 05 | 01 |
Juarina | 02 | 2.25% | 01 | 01 |
Santa Tereza TO | 05 | 2.24% | 05 | 00 |
Paraíso do TO | 161 | 2,22% | 102 | 59 |
Goianorte | 06 | 2.21% | 04 | 02 |
Palmeirópolis | 22 | 2.20% | 15 | 07 |
Lizarda | 03 | 2.17% | 02 | 01 |
Figueirópolis | 13 | 2.16% | 07 | 06 |
Aguiarnópolis | 12 | 2.13% | 06 | 06 |
Sandolândia | 06 | 2.08% | 04 | 02 |
Brasilândia do To | 04 | 2.07% | 03 | 01 |
Tocantinópolis | 41 | 2,06% | 18 | 23 |
Lajeado | 03 | 2.05% | 02 | 01 |
Porto Nacional | 166 | 2,04 | 105 | 61 |
Santa Rosa TO | 06 | 2.03% | 05 | 01 |
Dianópolis | 26 | 2.03% | 16 | 10 |
Araguacema | 11 | 2.00% | 05 | 06 |
Taguatinga | 15 | 2.00% | 11 | 04 |
Porto Alegre do To | 02 | 2.00% | 0 | 02 |
Taxa de mortalidade nas UTIs/Covid-19
Levantamento feito pelo Portal Atitude no mês de março apontou que a taxa de mortalidade no Tocantins para uso de ventilação mecânica nas UTIs/Covid-19 foi de 66%, enquanto no Brasil em cada 10 pacientes intubados, 08 morrem. Números superiores aos registrados na Ásia (47%), América do Norte (46%) e Europa (36%).
Conforme a agência de notícia Senado, na Região Norte do Brasil, por exemplo, o índice chega a 86,7%; no Nordeste, 83,7%, e vai diminuindo no Sudeste e Sul.
“A causa dessa mortalidade elevada é multifatorial. Em primeiro lugar, um número muito grande de pacientes muito graves chegando ao mesmo tempo. Uma avalanche de pacientes graves numa estrutura que até então não estava dimensionada para isso em relação a insumos, equipamentos e equipe treinada. Isso certamente diminui a capacidade de cuidar dos doentes e vai impactar no resultado”, disse o presidente da Comissão de Terapia Intensiva da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, Bruno Vale Pinheiro após questionamentos dos senadores sobre a alta de letalidade no Brasil após intubação.