Sem dinheiro público, é dado quase certo que o Gurupi Esporte Clube ficará de fora dos Campeonatos Tocantinense, Brasileiro Série D e da Copa Verde em 2019. “Estamos no desespero e uma coisa é certa, se não tivermos a garantia para participar não vamos para frente”, disse o presidente do Gurupi Esporte Clube, Wilson Castilho ao explicar a realidade do clube que tenta se manter vivo com vaquinha devido não conseguir patrocínio, somada com falta de criatividade para atrair receitas.
por Wesley Silas
Apesar de ser um time profissional, o Gurupi Esporte Clube distancia daquilo que muitos deveriam imaginar de um time que chegou a ser Hexacampeão do Tocantins. Sem falsa modéstia, o Camaleão do Sul tem gestão impulsionada pela paixão, mas carece de profissionalismo na administração que não consegue negociar patrocínio na mesma medida da sua história e não atrai grandes empresas a colocarem suas marcas na camiseta do clube, assim como não consegue criar categoria de base dar oportunidade a novos talentos.
“Temos alguns apoio, mas não é suficiente porque são três competições para participar que são o Tocantinense, o campeonato Brasileiro [Série D] e a Copa Verde. Não podemos fazer igual já fizeram o time de Paraíso em 2018 que teve de desistir, assim como já fez o Araguaína e Palmas. É uma responsabilidade muito grande porque tem a folha de pagamento, tem alimentação e transporte que custam muito alto”, disse o presidente do clube, Wilson Castilho sobre a situação financeira do clube.
Gurupi, exemplo da crise do futebol tocantinense
Requentando as lembranças das constantes crises financeira do Gurupi Esporte Clube, em fevereiro de 2017, Wilson Castilho chegou a afirmar que a salvação do time era ganhar um próximo jogo da Copa Brasil e conseguiu no dia 02 de março quando venceu o Rio Branco (AC), classificou para terceira fase da competição e recebeu uma cota da CBF no valor de R$ 680 mil. Para participar da Copa Brasil, Tocantinense e Brasileiro da Série D o Gurupi teve o desafio de arrecadar R$ 960 mil e teve como principal fonte a cota da CBF nos jogos da Copa Brasil.
“Este campeonato [Brasileiro Série D] não tem apoio financeiro da federação [Tocantinense de Futebol] e o único apoio que a CBF dá para o [campeonato] Brasileiro são as passagens e alimentação no local. A Federação não dá nenhum apoio e na verdade as federações só repassam quando tem convênios com os governos estaduais e isso não está acontecendo”, disse Castilho.
Para o presidente, a diretoria do Gurupi encontra-se em desespero e devido a falta de alternativa de manter o time vivo e se distancia de fazer continuar fazendo parte do protagonismo do futebol tocantinense.
“Existem duas opções, uma delas é formar um grupo só para participar e correr o risco para cair para segunda divisão e 50 dias depois tem que disputar novamente [para tentar voltar para segunda divisão]. A segunda fazer um grupo como sempre a gente fez onde nos últimos 12 anos nós fomos campeão quatro vezes. Cada valor vai depender do elenco que vai formar e hoje estamos no desespero e correndo atrás do apoio para que possamos ter garantia de participar”, disse. “Hoje estamos no desespero e uma coisa é certa, se não tivermos a garantia para participar não vamos para frente”, completou.
Orçamento e transparência
Arredio em falar sobre números do orçamento, o Gurupi segue o exemplo da Federação Tocantinense de Futebol quando o assunto é transparência para que seja aberta a prestação de contas.
“Eu não queria falar em orçamento, mas o valor para participar, mais ou menos com dignidade, tem que ser R$ 400 mil e toda diretoria sabe que se não tiver um suporte garantido não vai se arriscar porque são três campeonatos que poderão durar até 07 meses”, disse Castilho.
Sem apoio da prefeitura
A situação financeira do Gurupi Esporte Clube piorou no ano de 2017 quando o time perdeu a apoio financeiro da Prefeitura de Gurupi para custear o campeonato após o Ministério Público Estadual (MPE) ter ajuizado Ação Civil Pública por ato de improbidade administrativa em desfavor do prefeito de Gurupi, Laurez Moreira, e do Gurupi Esporte Clube em consequência da transferência de recursos públicos na ordem de R$ 400 mil reais pelo Município de Gurupi para o time.
“O prefeito [Laurez Moreria] foi lá no Ministério Público e procurou para fazer um TAC e não conseguiu, enquanto isso as prefeituras de Paraíso, Alvorada, Porto Nacional e muitas outras cidade ajudam e nunca tiveram denúncias. Você tem também exemplo [repasses de prefeituras] nas cidades de Tocantinópolis, Itumbiara (GO), Anápolis (GO), Goianésia (GO), Rio Verde (GO), Goiatuba (GO) e nós fizemos um levantamento e todas [estas prefeituras] repassam”, disse Castilho.
Outro problema vivido pelo Gurupi é a falta de um local, que poderia ser construído no Resendão, para alojar jogadores durante as temporadas na intenção de diminuir despesas com alugueis e restaurantes.
Proposta da Seduc
Conforme anuncio feito nesta quinta-feira, 21, pelo superintendente da Secretaria de Juventude, Esporte e Lazer da Seduc, Robson Ferreira, logo que concluir o campeonato Tocantinense de 2019, a Seduc irá fazer um chamado a todos os agentes envolvidos com o futebol no Estado, das instituições públicas aos representantes de entidades, clubes e torcedores para, juntos, darem início ao planejamento do campeonato 2020. “A nossa meta é que o futebol tocantinense consiga, com o planejamento que é necessário, se fortalecer. Isso só é possível quando tivermos todos os setores envolvidos trabalhando de forma alinhada e executando, simultaneamente, seus papéis”, destacou Robson Ferreira.
Ferreira defende que uma das propostas defendida pela Secretaria será o fortalecimento das categorias de base junto ao futebol profissional, como alternativa para atender aos times com o surgimento de novos talentos e, ainda, para proporcionar mais oportunidades aos jovens que sonham em se profissionalizar no esporte.
Resendão em reforma
Para piorar a situação do Gurupi, o estádio Resendão encontra-se em reforma e sem condições de receber jogos, o que fez a Federação Tocantinense de Futebol adiar o campeonato que estava prevista para iniciar no dia 30 de março pelo período de uma semana.
“O estádio Resendão é outro probleminha. Colocaram uma nota que a previsão da conclusão da obra é no mês de maio e há muitas estórias, mas hoje para o Resendão funcionar tem que haver laudos da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e Vigilância Sanitária. Enquanto isso tem muro caído, alambrado e outros problemas”, disse Castilho.
Conforme noticiou Secretaria de Estado da Educação, Juventude e Esportes (Seduc), órgão responsável pela reforma, as obras no estádio Gilberto Resende Rocha, o Resendão, foram intensificadas para ter condição de receber jogos no Campeonato Tocantinense de Futebol, que começa no dia 6 de abril.