Órfão de mãe e filho de pai alcoólatra, Bonfim Caio Santos De Oliveira, 16 anos, deste os 08 anos viveu nas ruas de Gurupi, onde morou com um irmão em carros e casas abandonadas. Aos 11 anos chegou a ficar internado no Hospital Regional de Gurupi por overdose e, por determinação da justiça chegou a ser internado, ele e outras três crianças, em uma clínica de recuperação em Luzimangues no município de Porto Nacional. Algumas delas já foram mortas e Bonfim Caio foi morto às 23h38min da terça-feira, 19, com dois tiros.
por Wesley Silas
“E ai tio quando voltar traz um lanche para mim”. É a lembrança que muitos gurupienses têm de Bonfim Caio em locais como a Ferinha da Amizade onde ele fazia ponto para pedir comida e dinheiro para comprar drogas.
O fim da vida e, talvez, do sofrimento deste adolescente aconteceu por volta das 23h38min da terça-feira, 20, na Rua 28, Jardim da Luz em Gurupi; praticamente na mesma hora que outro Bonfim, José Bonfim Guilherme da Silva, 34 anos, foi morto na Rua 17 da Avenida Guaporé, somando 11 homicídios no mês de dezembro em Gurupi.
Segundo a Polícia Militar, Bonfim Caio Santos de Oliveira, foi encontrado caído no chão em uma casa abandonada com perfurações de arma de fogo no abdômen e foi a óbito duas horas após dar entrada no Hospital Regional de Gurupi. Testemunhas afirmaram que chegaram a ver o autor que estava em uma moto Biz, escura, com camisa clara e fugiu em alta velocidade.
O sofrimento de vida do adolescente que, praticamente, não teve chances como tem outras crianças com famílias equilibradas que influencia a formação da personalidade, deveria servir como reflexão sobre os papeis, não só do governo, mas das entidades como igrejas. Neste contexto faz lembrar a passagem bíblica quando Jesus foi questionado por escribas e fariseus por comer e beber com pecadores.
“E Jesus, tendo ouvido isto, disse-lhes: Os sãos não necessitam de médico, mas, sim, os que estão doentes; eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores ao arrependimento”. Marcos 2:17
Sobre o caso
Abandonado pelos familiares os menores viviam com colegas nas ruas de Gurupi. Eles eram sempre vistos próximo aos supermercados de Gurupi pedindo comida e moedas para comprar drogas.
Diante a situação de vulnerabilidade destas crianças o Ministério Público chegou a entrar com uma Ação Civil Pública em 2012 contra o município e o Estado para implantação de um abrigo para crianças e adolescente abandonadas em Gurupi.
No dia 11 de julho de 2013 a justiça determinou a internação das crianças, sendo que na época Bonfim Caio e seu irmão, com 11 e 13 anos, se encontram internados no Hospital Regional, onde passam por processo de desintoxicação de drogas e, com a determinação judicial foram internados em uma clínica de recuperação em Luzimangues no município de Porto Nacional.
No dia 22 de fevereiro de 2014, quando fez 07 meses, eles retornaram para Gurupi onde morreram.