A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou nota nesta segunda-feira (28) e falou sobre os impactos paralisação dos caminhoneiros para o setor produtivo. Em tom de alerta, a entidade aponta que 100 milhões de aves foram sacrificadas e 300 milhões de litros de leite tiveram que ser jogados fora.
por Tácido Rodrigues
“O abastecimento de água para uso humano está comprometido porque não estão sendo entregues produtos químicos para tratamento”, diz o comunicado da CNI. “O Brasil está parado. Precisamos retornar à normalidade.”
No texto, a entidade afirma ainda que não é o momento de “movimentos oportunistas”. “Novas paralisações, neste momento, são inaceitáveis. Cada um precisa assumir a sua parte de responsabilidade para superar essa situação. A prioridade deve ser o reabastecimento imediato e aceleração da discussão sobre os problemas estruturais do país”, diz a nota da Confederação.
De acordo com a diretora de Relações Institucionais da CNI, Mônica Messenberg, é preciso que haja uma resposta rápida das autoridades para pôr fim à paralisação de forma definitiva. “O setor produtivo e a população estão pagando essa conta e ela está muito alta. É fundamental que o governo federal, os governos estaduais, o Congresso, o STF, o Ministério Público, todas as diferentes áreas do governo como um todo, se unam em prol da solução dessa crise. Acho que, não só a população, como o setor produtivo, não podem mais aguardar. Deixem trabalhar que quem trabalhar”, afirmou.
Por fim, a nota da CNI avisa que “estamos na iminência de problemas ainda mais graves do que vimos até agora” e que “não se trata apenas de distribuição de combustíveis”.
Leia a nota na íntegra:
“O Brasil está parado. Precisamos retornar à normalidade. O movimento dos caminhoneiros foi atendido nas suas demandas. É hora de deixar trabalhar quem quer trabalhar. É preciso, imediatamente, desbloquear vias de transporte e proteger aqueles que querem voltar a trafegar. Estamos na iminência de problemas ainda mais graves do que vimos até agora. Não se trata apenas de distribuição de combustíveis.
Sem ração, já foram sacrificadas 100 milhões de aves. Além de deixar as famílias brasileiras sem ovos e sem carne, há um grave risco à saúde pública e ao meio ambiente. Não há sequer como enterrar as carcaças desses animais. Desde o início da paralisação, foram jogados fora 300 milhões de litros de leite.
O abastecimento de água para uso humano está comprometido porque não estão sendo entregues produtos químicos para tratamento. Corremos o risco de ficar sem comunicação. Os grupos geradores, que suprem energia para as telecomunicações na ausência da energia elétrica, necessitam de diesel e podem parar de funcionar. Além disso, as equipes de manutenção enfrentam dificuldades para se deslocar.
Crianças estão fora das escolas. Pacientes em hospitais correm risco de morrer por ausência de insumos, como oxigênio. Milhões de brasileiros não conseguem trabalhar. Já temos 13,7 milhões de desempregados e esse número deve piorar. A retomada do crescimento econômico, que já vinha lenta, pode demorar muito mais.
Não é hora para movimentos oportunistas. Novas paralisações, neste momento, são inaceitáveis. Cada um precisa assumir a sua parte de responsabilidade para superar essa situação. A prioridade deve ser o reabastecimento imediato e aceleração da discussão sobre os problemas estruturais do país, tais como revisão do papel da Petrobras, revisão tributária, reavaliação da matriz de transporte e investimento em infraestrutura.
A indústria brasileira, representada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), pelas federações estaduais e pelas associações setoriais, conclama as autoridades a buscar uma solução imediata para essa situação. É fundamental que a Presidência da República, o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal, o Ministério Público e os governos estaduais se empenhem para vencer essa crise”.