“Tudo tem limite, inclusive a paciência. Está na hora dos políticos entenderem que as pessoas não podem ser tratadas como uma banca de idiotas ou cachos de bananas podres. O mesmo eleitor que hoje sofre de amnésia deliberada pode acordar mais esperto amanhã”. Alberto Rocha.
Alberto Rocha- jornalista
Há fatos que acontecem na política que só reforçam a tese de que pessoas facilmente perdem a sensibilidade do absurdo. E foi o que aconteceu recentemente. O caso já pode ser considerado como o vexame do ano no Estado. O deputado federal Carlos Henrique, o Gaguim, foi pego no próprio sono. A foto do parlamentar dormindo logo virou piada nas redes sociais.
O deputado Gaguim dormia o sono profundo numa cadeira enquanto outros deputados discutiam na Comissão de Constituição e Justiça, CCJ, o destino do presidente Michel Temer, acusado de corrupção. Enquanto os olhos da nação estavam voltados para o resultado que decidiria o futuro da nação, Gaguim, em berço esplêndido, cochilava à vontade. Enquanto isso, o País afundava de vez.
Mas o que mais impressionou não foi o sono esquisito e pesado do Gaguim, mas o que ele teria dito sobre a repercussão que o caso teria junto à opinião pública. A imprensa repercutiu a possível fala de Gaguim, que teria dito que o fato não o prejudicaria nas próximas eleições, pois, até lá, o eleitor esqueceria o episódio com facilidade. Verdade?
Caso seja verdade que o deputado tenha dado tais declarações, o gesto do parlamentar então pode ser entendido como falta de respeito com a população, além de grosseiro, um verdadeiro tapa na cara da sociedade, a quem ele mesmo já representou como governador do Estado.
Tudo tem limite, inclusive a paciência. Está na hora dos políticos entenderem que as pessoas não podem ser tratadas como uma banca de idiotas ou cachos de bananas podres. O mesmo eleitor que hoje sofre de amnésia deliberada pode acordar mais esperto amanhã.
Podem dormir à vontade, deputados. A sorte de vocês é que o esquecimento fácil do eleitor é quem financia o sono profundo do mandato. Mas lembrem-se: o mesmo eleitor que esquece fácil, se quiser, pode decidir o dia do enterro de políticos descompromissados com a ética e o respeito. Lembrem-se também de que o eleitor já começa a mandar sinais de impaciência para políticos que dormem para a triste realidade que o Brasil está passando.
Deputado que dorme enquanto o Brasil afunda, pode entrar no fatídico pacote do juízo final, e acabar no tribunal impiedoso do eleitor esquecido de hoje e atento de amanhã.
Enquanto o deputado dorme sob o efeito do soro do esquecimento e da bondade do povo, o eleitor guarda no bolso da camisa o dia da vingança. Pode dormir sossegado, pois amanhã o dia vai nascer mais lindo, e aí, nos lembraremos de que o esquecimento do eleitor de hoje e o sono do deputado não passaram de um triste pesadelo já enterrado e esquecido.
Amanhã será o dia de acertar as contas com a verdade. Aí, o eleitor só terá lembrança do deputado, do sono e da cadeira.