“Se fizermos uma leitura atenta sobre o conflito podemos também considerar que é até necessário, pois, se este se estabelece significa que as opiniões e modos de ver o mundo e as coisas são naturalmente diferentes; daí a necessidade de se respeitar o diferente e de se buscar a melhor forma de se resolver os conflitos”. João Nunes da Silva
João Nunes da Silva
Doutor em Comunicação e cultura contemporâneas, mestre em Sociologia e professor da UFT – Campus de Arraias. Trabalha com projetos em Cinema e Educação.
O conflito faz parte da história das sociedades; podemos até afirmar que onde há ser humano há conflitos. Karl Marx já afirmava, no século XIX, que a história da humanidade é marcada por conflitos.
Em qualquer ambiente que há humanos, inevitavelmente há grandes possibilidades de conflitos; isto porque nem todos pensam da mesma forma sobre algo, especialmente quando esse algo envolve a coletividade.
Ninguém tem o direito de impor seus interesses, seu modo de pensar a maioria e muito menos deve esperar que a maioria vá aceitar caladinha o que foi imposto.
Se as pessoas pensam diferentes é normal que o conflito de alguma forma aconteça; e isso de certa forma é até bom.
Se fizermos uma leitura atenta sobre o conflito podemos também considerar que é até necessário, pois, se este se estabelece significa que as opiniões e modos de ver o mundo e as coisas são naturalmente diferentes; daí a necessidade de se respeitar o diferente e de se buscar a melhor forma de se resolver os conflitos.
Numa família, que representa o núcleo básico da sociedade, encontram-se conflitos; e isso também deve ser visto de forma normal; agora imagine a sociedade com toda sua complexidade como a que vivemos hoje?
Não estou de modo algum afirmando que grandes conflitos como guerras são uma maravilha; o que estou tentando mostrar é que o conflito implica a existência de modos de pensar diferentes sobre algo que envolve uma coletividade e que por isso mesmo deve ser encarado com naturalidade, com respeito e de forma democrática.
Em uma empresa, por exemplo, é bom que os conflitos se apresentem e que todos os envolvidos estejam dispostos a discutir a melhor forma de resolvê-los juntos; até mesmo para se firmar compromisso no sentido de se conhecerem mais e procurarem agir em torno do melhor para todos na empresa e na sociedade.

Com isso se cria um ambiente onde o respeito às diferenças se torna uma regra básica para atingir os objetivos da coletividade. É assim que devemos encarar os conflitos.
Não se devem temer os conflitos, pois a partir deles é que se tem uma noção maior do que constitui uma dada realidade, seja em casa, na empresa, na escola, na Universidade, entre outros ambientes.
Quando não se respeitam as diferenças de opiniões, os diferentes modos de ver o mundo, inevitavelmente surgirão ações truculentas, perseguições, parcialidade e injustiça; o que se mostra nas atitudes e ações fascistas e eivadas de ignorância.
É importante sempre pensar por que existem os conflitos e qual sua importância na sociedade, pois é a partir da realidade do conflito que e tem uma noção maior dos elementos que constituem um dado ambiente ou sociedade; a partir de então se deve fazer a leitura atenta de tudo o que envolve o conflito e encontrar o caminho justo para os envolvidos os quais constituem ou representam a coletividade.
O conflito é a demonstração concreta dos modos de ver e de pensar diferente; o resultado do conflito é a síntese do confronto estabelecido; nisso temos uma relação dialética e, portanto, a possibilidade de transformação.
Negar o conflito é não perceber a realidade ou no mínimo querer mascará-la para dela se beneficiar.