“Somos facção. Somos Comando Vermelho e somos o Brasil todo. Hoje foi um ônibus, amanhã pode ser um quartel, uma delegacia ou uma das suas viaturas”, diz uma suposta carta em que o Comando Vermelho assume as autorias dos atentados.
O primeiro atentado ocorreu na madrugada do sábado, 28, quando um ônibus da empresa Expresso Miracema foi incendiado na parada entre as quadras 307 e 407 na região norte de Palmas (TO) por um indivíduo armado obrigou o motorista e uma passageira a saírem e em seguida ateou fogo com ajuda de outros três infratores que chegaram em seguida.
Outro dois ataques acontecem por volta das 22h 30min. do sábado. Na primeira tentativa os bandidos tentaram parar um ônibus da Viacap na Avenida principal do Jardim Aureny IV e o motorista ao perceber acelerou e os bandidos responderam dando tiros em direção ao ônibus. Em seguida os bandidos abordaram um outro ônibus da empresa Expresso Miracema, também na região do Aureny IV e atearam fogo após ordenarem os passageiros e motorista desembarcarem.
Após os atos, um dos motoristas teria recebido uma carta assinada pelo grupo identificado como membro do Comando Vermelho (CV) que estariam insatisfeitos com a superlotação da unidades prisionais e interrupção da visitas de familiares em decorrência à greve da Polícia Civil (PC).
Repercussão
Além de amedrontar os Palmenses, os casos repercutiram nas redes socais com gravações de áudios de suposto membro do Comando Vermelho, publicação de uma repórter da TV Anhanguera que atribuiu os casos à Polícia Civil e uma publicação no WatsApp em que o vice-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Tocantins, Rubens Dario Câmara, para atribuir os ataques aos policiais civis.
No áudio, a voz da repórter faz fortes acusações contra o movimento grevistas e ainda atribui aos ataques aos ônibus aos policiais civis.
“É um aumento muito sem noção e tem alguns cargos que de R$ 12 mil vai para R$ 20 mil e a lei foi regulamentada no ano passado […] Olha só tramóia política que tem por trás disso e eles estão em greve e o Governo não está cedendo. O que está acontecendo, é claro que não é oficial, eles estão mandando bandidos queimarem ônibus. Quem está causando isso é a Polícia Civil e a própria Polícia Civil está espalhando terror”, postou a repórter em um grupo do WatsApp. O caso foi denunciado na tarde deste domingo como calúnia, no Boletim de Ocorrência 8991.
Outro áudio que também despertou a atenção da polícia foi de um suposto integrante do Comando Vermelho em que ele faz graves ameaças aos policiais.
“O comando Vermos existe no Estado do Tocantins e ai daquele que desacreditar. É o seguinte, se mexerem com qualquer integrante do Comando Vermelho no Estado do Tocantins dentro do sistema carcerário nós vamos tombar as três cadeias. É seguinte viatura vai virar peneira e vamos matar e fuzilar. […] e se desacreditar nós fazemos dentro da cadeia em Palmas, Araguaína e Gurupi e também dentro da cidade porque nós fazemos é a chapa esquentar”, aponta o áudio.
Outra postagem no WatsApp que foi alvo de uma nota de repúdio Sinpol (Sindicato dos Policiais Civis do Tocantins), do vice-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Tocantins, Rubens Dario Câmara, em que ele vincula a Polícia Civil (PC) aos ataques aos ônibus em Palmas. “Comando Vermelho, leia-se, PC. Não de PCC, PC mesmo” escreveu Rubens Dario.
Em nota, o Comando de Greve afirmou que não tem ligação com atentados. “O Comando de Greve da Polícia Civil do Tocantins repudia qualquer ligação com os atentados a ônibus urbanos que ocorreram em Palmas e garante que vai interpelar judicialmente quem que fizer falsas acusações ou insinuações aos policiais civis”, aponta o Sinpol.
No caso da postagem do vice-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Tocantins, Rubens Dario Câmara, o Sinpol informou que vai interpelar judicialmente. “Ele vai ter que apresentar provas e se explicar judicialmente”, salientou o presidente do Sinpol, Moisemar Marinho.