Por Wesley Silas
Diante de uma disputa eleitoral em Gurupi que começou antes do esperado, as pesquisas eleitorais ganharam destaque como principal ferramenta de marketing dos candidatos. No entanto, denúncias de irregularidades têm levado candidatos que se sentem prejudicados a recorrer à Justiça Eleitoral. Há indícios de crimes cometidos por institutos de pesquisa, devido à disparidade entre os dados registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e os divulgados em diversos jornais, o que exige uma investigação pela Polícia Federal.
Segundo o cientista político Geraldo Tadeu Monteiro, “as pesquisas eleitorais não determinam uma eleição, mas influenciam como qualquer outra fonte de informação”, destacando seu papel relevante na decisão do eleitor. Entretanto, essas pesquisas são frequentemente utilizadas por pré-candidatos como material de campanha, ajustadas conforme suas conveniências para influenciar o voto popular.
A falta de uniformidade nos resultados das pesquisas recentes gerou um clima de guerra entre coordenadores de campanha, equipes jurídicas e apoiadores. Esse debate foi intensificado pelo pré-candidato Eduardo Fortes (PSD), que acusou seus opositores de divulgar “pesquisas fraudulentas” para manipular a opinião pública, apoiando suas declarações em duas decisões judiciais que impugnaram pesquisas em Gurupi.
“A Justiça Eleitoral do Tocantins impugnou mais uma pesquisa fraudulenta, desta vez encomendada pelo pré-candidato Cristiano Pisoni, que alegava ser o candidato que mais crescia em intenções de voto. Na semana passada, a Justiça já havia embargado uma pesquisa da pré-candidata Josi Nunes, revelando um padrão preocupante de tentativas de manipulação eleitoral”, afirmou Eduardo Fortes, defendendo que ele lidera nas pesquisas legítimas.
A Coordenação da Pré-Campanha de Cristiano Pisoni respondeu imediatamente, repudiando as acusações de Fortes e alegando que o deputado “demonstrava desespero e despreparo diante de sua perda de liderança nas intenções de voto”.
“Sem provas, o deputado distorce a decisão judicial ao atribuir a Cristiano Pisoni a autoria de pesquisas falsas. As pesquisas vêm sendo divulgadas desde o início do ano, apontando o crescimento do deputado. Ele só passou a questioná-las quando começou a cair nas intenções de voto. O crescimento da candidatura de Cristiano Pisoni é evidente, independentemente das pesquisas”, afirmou a coordenação.
A pré-candidata Josi Nunes, atual prefeita, também se defendeu, alegando que a preocupação maior é do adversário, que divulga pesquisas de institutos com credibilidade duvidosa.
“Minha preocupação é seguir com o trabalho e dar continuidade às inúmeras obras que estamos executando para melhorar a vida dos gurupienses”, completou Josi Nunes.
Até o momento, nove pesquisas de Gurupi foram registradas no site do TSE.
Segundo o site do TSE, uma nova pesquisa, encomendada por um jornal de Palmas por R$ 8 mil, será divulgada em 2 de julho.
O que dizem os especialistas:
Luciana Chong, diretora do Datafolha, ressalta em entrevista a Informoney que as pesquisas mostram tendências e fotografias do momento, mas não necessariamente o resultado final.
“A pesquisa é válida para o momento da coleta. Se duas horas depois surge um fato importante na campanha, o resultado já não vale mais. Acusações contra um candidato, desempenho em debates, denúncias: qualquer coisa pode impactar. É tudo muito dinâmico”, explica Márcia Cavallari, CEO do Ipec.
As entidades que realizam pesquisas eleitorais são obrigadas a registrá-las na Justiça Eleitoral até cinco dias antes da divulgação, conforme o artigo 33 da Lei das Eleições (Lei nº 9.504/97), uma exigência vigente desde 1º de janeiro do ano do pleito.