por Wesley Silas
Ao contrário da eleição suplementar 2018, em que o apoio dos deputados de diversas regiões foram fundamentais para eleger o governador Mauro Carlesse (PSL), pois abriram as portas dos maiores colégios eleitorais nas regiões do bico do Papagaio, Araguaína e Palmas. Nas eleições de 2022, os tocantinenses observam nos jornais e nas redes socais dos políticos os desenhos de candidaturas regionalizadas representadas por nomes como os dos ex-prefeitos de Gurupi, Laurez Moreira (PSDB) e de Araguaína Ronaldo Dimas (Podemos) e os que representam o Centro do Estado representados a exemplo do vice-governador Vanderlei Barbosa (sem partido), Paulo Mourão (PT) e Eduardo Gomes (MDB).
Neste cenário há discrepância no comparativo dos números entre os colégios eleitorais que representam estas lideranças. Para ter uma noção, os 18 municípios da região sul teve nas últimas eleições tiveram 96.211 votos válidos, enquanto apenas no município de Araguaína foram 78.111 votos válidos e Palmas 120.069 votos válidos.
Para avaliar a força do voto regional, os Jornalistas Roberta Tum, Cleber Toledo, Luiz Armando Costa e o cientista político João Neto comentaram ao Portal Atitude sobre o desempenho das lideranças políticas e a força dos colégios eleitorais do Norte, Centro e Sul do Tocantins na construção das pré-candidaturas ao governo do Tocantins, vice e ao senado.
O que vai pesar é a capacidade dele aglutinar força, Cleber Toledo
Questionados sobre a força dos colégios eleitorais, o jornalista Cleber Toledo considera que o peso da candidatura ao governo as forças regionais não influencia na escola do candidato, ao contrário dos nomes que irão disputar vagas a vice e ao senado.
“Eu penso que a escolha para governador não é por região, mas quem conseguir construir maior musculatura o que pode ser um de Palmas, de Gurupi ou um de Araguaína. Eu acho que no caso de governador a localidade eleitoral da pessoa não tem peso tão preponderante. Teria na escolha do vice e do candidato a senador para dar o equilíbrio e não ficar candidatos a senador e vice de apenas uma cidade, o que dificultaria. Então eles usam a vaga de vice e de senado para compensar e assim não ficar todo mundo em um mesmo partido ou de uma região, mas na candidatura a governador eu acredito que o peso da região onde ele mora é menor. O que vai pesar é a capacidade dele aglutinar força para se consolidar como candidato competitivo, o que não depende da região dele”, analisa Cleber Toledo.
Os colégios eleitorais têm peso, João Neto
Para o cientista político, João Neto, os números apontam que o candidato da região norte entra na disputa com grande vantagem, apesar do problema que Araguaína tem relação ao Bico do Papagaio pois, segundo ele, são colégios mais fáceis de serem conquistados por lideranças das respectivas regiões. Ele considera ainda que Palmas, praticamente, não existe bairrismo na escolha de candidatos e o Sudeste por ser uma região melhor entra meio à reboque.
“Os colégios eleitorais têm peso, são importantes, porém só se formam colégios fortes quando há sincronicidade entre o candidato desejado e os colégios. Eles não são fortes simplesmente por serem colégios eleitorais. Houve uma transformação no eleitorado, uma definição maior entre posições ideológicas, o que é novidade para essa eleição, antecipada, diga-se de passagem”, argumenta.
Outro aspecto analisado por João Neto é o vácuo criado no campo eleitora com a perda de comando, a exemplo de Siqueira Campos.
“Os líderes de outrora agora não existem mais, bem como os puxadores de voto. Siqueira Campos, Avelino e outros já não comandam como antes, são nossas reservas morais na política de estadistas. Agora chegou o momento de construir novos líderes. Só que não cabe a força do “goela abaixo”, o eleitor não vai na onda. Precisa o pretendente compreender quando ganha e quando é sobra de uma derrota. Exemplo de Palmas e Gurupi, os detentores do cargo precisam conquistar o eleitor com ações acima de egos políticos. A chance acontece agora, não durante o período eleitoral. O perfil do candidato ao governo não será um populista puro e simplesmente, terá que colocar a esperança em um estado de desenvolvimento e não apenas em empregos públicos”, avaliou.
Eu acredito que os grandes colégios eleitorais têm influência, Roberta Tum
A jornalista e editora do site T1 Notícia, Roberta Tum, destaca a importância da força dos colégios eleitorais.
“Eu acredito que o candidato a governo deva ter capilaridade em todo Estado e podemos ter um cenário de equilíbrio na divisão de votos. Eu não acredito na candidatura do ex-prefeito Laurez porque ele perdeu dentro de Gurupi, não fez o sucessor e mesmo que tivesse feito não seria fácil e não fazendo fica difícil. Eu vejo que o caminho do Laurez, se ele for para um partido deste bloco de oposição, a tendência é ser vice em alguma chapa. Ronaldo Dimas é candidato se Eduardo Gomes não for e mesmo assim o Dimas tem que compor uma aliança forte entorno do nome dele. Eu vejo também a possibilidade da senadora Kátia Abreu sair ao governo ou ao senado e ela não esconde o sonho de disputar uma eleição no Estado e dentro do governo temos que ver se vinga o candidato natural que é o Vanderlei Barbosa, mas pode não acontecer e está tudo em aberto”, avaliou.
Segundo a jornalista, a capacidade de penetração dos candidatos nos colégios eleitorais será decisivo na eleição.
“Eu acredito que os grandes colégios eleitorais têm influência, mas caminha para caso tivermos três candidaturas, considerando que o PT lance candidatura do Paulo Mourão e não fique como aconteceu nas outras vezes como o nome para ser retirado na reta final, mas se tivermos três candidaturas possa ser que as eleições se definam não só nos grandes colégios, mas na capilaridade que o candidato tem no Estado todo”, apontou a jornalista.
Ainda não temos o voto Distrital que limita os colégios eleitorais, Luiz Armando
O também experiente jornalista e advogado Luiz Armando Costa, responsável pelo Blog Luiz Armando, destacou a importância dos colégios eleitorais, porém como o sistema eleitoral brasileiro é proporcional e não distrital a questão da força dos colégios eleitorais é relativa.
“Os colégios eleitorais do Tocantins são de suma importância, mas no Brasil ainda não temos o voto Distrital que limita os colégios eleitorais e hoje nós temos senadores e deputados que tiveram votos na região sudeste, mas foram eleitos no norte, outros no centro ou no sul. Então, esta questão não funciona muito porque os políticos percorrem o Estado todo e, se você pegar os resultados das eleições dos candidatos por votos ou por zona eleitoral, você vai perceber que os políticos do Tocantins têm votos em todos os municípios”, avalia.
Luiz Armando citou o exemplo do ex-prefeito de Palmas, Carlos Amastha, nas eleições de 2018 quando foi o mais bem votado em Araguaína, quando conseguiu 37.817 votos dos araguainenses.
“Se prevalecesse esta questão de colégios eleitorais, Palmas seria determinante por ser o maior do Estado e os candidatos seriam apenas da Capital ou de Araguaína que é o segundo maior colégio eleitoral. Por exemplo, o ex-prefeito Carlos Amastha que é de Palmas ele teve mais votos em Araguaína do que na região Central do Estado. É muito relativo esta questão de colégios eleitorais na determinação da pessoa com maior possibilidade de ser eleita. Agora, racionalmente hoje, não por força do Colégio Eleitoral, mas por força da experiência, da tradição e do tempo de político porque já foram deputados e tudo mais, evidentemente que os candidatos como Eduardo Gomes, Laurez Moreira e Ronaldo Dimas têm a possibilidade de terem muitos votos nas eleições de 2022. Laurez já foi deputado estadual, federal e o Dimas foi deputado federal e ambos tiveram administrações consideradas positivas em seus municípios e saíram das suas cidades com obras espetaculares. O Eduardo Gomes está também há muito tempo na política e saiu de vereador para ser deputado federal e foi eleito numa eleição majoritária para senador com votos em todos os municípios do Estado. O fato é que os colégios eleitorais são importantes, sim; mas não são determinantes em definir se a pessoa tem mais chances de ser eleito ou não”, avaliou o jornalista.