De acordo com Ricardo Honorato, um dos organizadores da manifestação a favor do impeachment em Brasília, o movimento está seguro em relação ao plano apresentado pela polícia. “A orientação que nós recebemos é de que se acontecer alguma coisa entre os muros é apenas para esperarmos a polícia agir e não tomar nenhuma atitude”, explica.
O movimento disse esperar 300 mil manifestantes apenas no “lado” pró impeachment. “Essa movimentação, que começou a acontecer no final de sexta-feira, deve atingir o auge no domingo (17)”, afirmou. Para ele, não há saída para a presidente e o impeachment será aprovado na Câmara dos Deputados no domingo. “Estamos contanto, como estimativa, com pelo menos 380 votos a favor”.
Já os manifestantes contra o impeachment da presidente contam com dezenas de caravanas do país que já estarão em Brasília, a partir das 12 horas no domingo, e devem se concentrar no Teatro Nacional. De lá tomarão o gramado do lado esquerdo da Esplanada dos Ministérios até o Congresso e se manterão em vigília, acompanhando a votação do impeachment.
“Nós sempre estivemos nas ruas defendendo o estado democrático, os direitos da classe trabalhadora, das mulheres, das minorias, dos negros, índios, pobres e todos os outros que serão invisibilizados pelos golpistas. Esse e todos os atos que ocorrerão até o próximo domingo (17), dia da votação do impeachment, mostram a força e a disposição de luta de um povo que não vai ficar calado perante as injustiças e as ameças a nossa tão recente democracia”, afirma o presidente da CUT Brasília, Rodrigo Britto.
Para o cientista político Antônio Flávio Testa, a estimativa de mais de 300 mil pessoas na Esplanada é otimista. “Porém, seria ótimo que tivéssemos essa quantidade de cidadãos nas manifestações”, aponta.
Testa explica que vamos vivenciar pela primeira vez um grande movimento popular com duas visões bastante diferentes. “Eu vejo essa situação como avanço da democracia. Espero que as manifestações aconteçam com dignidade e civismo, sem agressão física e depredação do patrimônio público. Será uma festa cívica histórica”, afirma.
De acordo com ele, o muro vai conseguir organizar os manifestantes, mas não vai durar muito. “Claro que com o ânimos acirrados e as visões antagônicas é muito provável que ocorram incidentes. Mas é para isso que a polícia deverá estar preparada, para que as ocorrências não se alastrem e não tenham consequências maiores”, ressalta.
O especialista afirma que os policiais devem estar preparados para agir com inteligência, principalmente com os insufladores no final da votação no plenário da Câmara. “Não acredito que haverão grandes violências. A maior preocupação seria quando do final da votação, previsto para noite (21h-22h). Independente do resultado, um grupo ficará indignado e isso deverá ser tratado com responsabilidade pelas autoridades”, conclui.
Esquema de segurança
O esquema foi anunciado neste sábado. Balões aéreos de identificação dos movimentos e bonecos considerados ofensivos e provocativos, independentemente do tamanho, estão proibidos – incluindo o pato inflável de 20 metros de altura da Fiesp, que já foi retirado do local. Acampamentos também estão desautorizados no período. A secretária de Segurança Pública do Distrito Federal, Márcia de Alencar, informou que a Força Nacional ajudará a evitar conflitos entre os grupos.
As zonas para os manifestantes estarão separadas por um corredor de 80 metros de largura por um quilômetro de comprimento, extensão que vai da Catedral ao Congresso Nacional. A passagem será de trânsito exclusivo das forças de segurança e será guarnecida por policiais militares encarregados de impedir que um grupo invada o espaço reservado ao outro.
Todo o efetivo da Polícia Militar, da Polícia Civil e do Corpo de Bombeiros está de prontidão para atuar nos dias de votação. O planejamento prevê a presença de cerca de 3 mil policiais militares e de 500 bombeiros só na Esplanada a partir de sexta. A quantidade pode ser aumentada rapidamente em caso de necessidade.
A Polícia Civil terá 700 agentes por dia atuando nas manifestações e em ações ordinárias, e 50 agentes do Detran farão o controle das vias. “É importante frisar que a segurança das outras regiões do Distrito Federal será mantida normalmente na semana e nos dias da votação do impeachment”, afirmou Márcia.
Fonte: Contas Abertas