“Antes de tudo, há que ter-se em conta que nas cinco maiores cidades do Tocantins, Palmas, Araguaína, Gurupi, Porto Nacional e Paraíso, todos os prefeitos disputam a reeleição, cada um demonstrando o status de quem melhor governou. E não tentem convencê-los do recuo, tamanha é a vontade de permanência no poder”, Emílio Lopes.
por Emílio Lopes *
No mais novo estado da Federação, o cenário político que se avizinha não apresenta novidade, quando o assunto é a alternância de poder. O cidadão ávido pela democracia vai ter que se conformar com mais do mesmo.
Num mar de insurreições e de tantas manifestações ideológicas revoltantes oriundas de crise ferrenha por qual passa a nação brasileira, o olhar que se faz sobre a política que se aproxima para os próximos pleitos, não anima nem acalenta o ânimo do cidadão de bem.
Os “doutrinadores” da política, aqueles que detêm mandatos e que se julgam os entendidos das demandas sociais, tomam para si, o direito de legitimar a coisa pública em nome de seus projetos pessoais atropelando dessa forma, aquilo que o cidadão tanto espera, que é a assistência do Estado através de seus dignos representantes eleitos.
Levar a sério a noção de estrutura social, conforme analisa Bourdieu (2001) em A Economia das Trocas Simbólicas, ainda não figura na cartilha do poder de nossos representantes locais. Prioridade mesmo é aparecer, ser e obter. Se bem que, muitos aparecem mesmo é nas matérias policiais, tamanho é o crime de cada um.
O que temos presenciado, em todos esses anos, foi o enriquecimento ilícito de nobres gestores que fazem da vida pública uma extensão, ou senão uma necessidade pessoal de ampliar seus negócios e o seu pomposo patrimônio à custa do cargo eletivo.
A considerar pelo Tocantins, Estado mais novo da Federação com seus 27 anos de constituição vigente, o cenário é assustador. Nos últimos anos, o que se constata são as intensas paralisações do setor da Saúde seguido pelo da Educação, os campos mais necessários de uma política mais cuidadosa, mas que esbarra na resistência de ações justificadas pela falta de recursos.
Solicitadas, tais necessidades são incluídas nas apropriações discursivas de nossos gestores, que repetem as mesmas falas voltadas para a escassez de recursos e redução de receitas municipais ou estaduais.
Quando não gastam com eficiência mantendo assim, uma austeridade fiscal esparramam gastos desnecessários sem ao menos previsão orçamentária, tendo dessa forma, que se manter com repasses federais por meio do (FPM) Fundos de Participação dos Municípios. Muitos se comprometem com a justiça no aspecto fraudatório e corruptor.
Dessa forma, a análise que se delineia aqui diz respeito ao trato que se é dado pela política estadual como uma espécie de pacto de associação e um pacto de sujeição. No caso primeiro, associar-se a partidos políticos com propostas a conduzir o seu eleitorado a uma sujeição fidedigna. Já nesse último, trata-se da permanência dos mesmos figurões da política do benefício pessoal.
Antes de tudo, há que ter-se em conta que nas cinco maiores cidades do Tocantins, Palmas, Araguaína, Gurupi, Porto Nacional e Paraíso, todos os prefeitos disputam a reeleição, cada um demonstrando o status de quem melhor governou. E não tentem convencê-los do recuo, tamanha é a vontade de permanência no poder.
Vale a pena acentuar que, do ponto de vista democrático, onde se poderia esperar uma alternância, prevalece um projeto de poder evidenciando uma mesquinhez para com jovens idealizadores que almejam mais espaço no campo da representatividade política.
Dessa forma, a sociedade com suas demandas e com seus anseios negligenciados, permanece se sujeitando ao pacto das elites políticas que legitima os dizeres ordenatórios com o lema político: menos da “coisa pública” e mais da “coisa nossa”, quer dizer, deles.
Costuras políticas, alianças espúrias, negociatas, reuniões secretas, promiscuidade partidária e tomada de decisões abruptas configura o cenário deprimente daqueles que tecem o novelo da estrutura dessa sujeição.
Não custa lembrar que Nietzche, assegurava que “um político divide os seres humanos em duas classes: instrumentos e inimigos”.
Sob as regras do pacto da sujeição, nossa camada de eleitores, certamente irá confirmar a permanência de muitos reeleitos para mais um pleito no Estado, justificando aqui a fala do sábio Platão: “o castigo dos bons que não fazem política é ser governados pelos maus”.
* Emílio Lopes é escritor e Historiador