Por Paulo Albuquerque
Emerson Leitão Filho tem 58 anos e nasceu em Alto Parnaiba – MA. A família mudou-se para Gurupi quando ele tinha apenas quatro anos. Autodidata, Emerson começou a esculpir madeira aos 10 anos. Antes disso, rabiscava os cadernos da escola com desenhos. Na juventude iniciou no teatro e conheceu a argila. Mais tarde fez os primeiros contatos com a tornearia artesanal em madeira, construiu seu próprio torno e passou a desenvolver, também, trabalhos com essa técnica. Mais recentemente iniciou-se na escultura em pedra sabão.
Emerson, com a pandemia, assim como a maioria dos brasileiros que trabalham por conta própria, teve de adaptar-se para manter as atividades. Os editais da Lei Aldir Blanc trouxeram a Emerson uma ótima oportunidade. O artista teve a ideia de socializar suas experiências com o torno. O Projeto denominado de Curso de Micro-Tornearia foi contemplado pelo Prêmio Emergencial do Tocantins – artesanato, do Governo do Estado do Tocantins, com o apoio do Governo Federal, Ministério do Turismo, Secretaria Especial da Cultura e Fundo Nacional de Cultura.
A estratégia do curso de Emerson Leitão foi a de disponibilizar os conteúdos em canal no Youtube. Os vídeos que repassam todas as técnicas de produção são elaborados no atelier do artista.
“Atendemos nesta modalidade cinco pessoas, que receberam um torno idealizado no meu atelier. Este equipamento é utilizado para tornear pequenos objetos, utilitários e decorativos”, disse o artista-professor.
Desde fevereiro
As atividades do Projeto de Micro-Tornearia iniciaram no mês de fevereiro deste ano com os preparativos, a confecção dos tornos e a aquisição e preparação das madeiras. O curso teve início pra valer no dia 14 de maio com o primeiro vídeo postado no YouTube. O projeto termina dia 31 de dezembro. “O projeto se encerra, mas as atividades, os vídeos difundindo as técnicas e criações permanecerão no YouTube, no canal Atelier Pau e Pedra”, assegura Emerson Leitão.
Para o fim desta etapa do curso, Emerson está organizando uma exposição virtual das peças produzidas pelos alunos e por ele mesmo. “O Atelier nunca produziu tanto; foi um ano de muita criação, o que demonstra a grande importância do apoio governamental para a arte”, disse o professor. “O Atelier corria sério risco de fechar as portas por causa da pandemia, e o projeto foi fundamental para assegurar a continuidade das atividades”, assegura. Com os recursos da Lei Aldir Blanc, Emerson conseguiu reestruturar seu atelier com equipamentos e ferramentas.
Para o artista, o apoio que recebeu para realizar este projeto deu-lhe novo ânimo. “Foi um estímulo importante. Durante toda minha vida fui envolvido pelas artes. Essas atividades que desenvolvo me são inatas, mas aprendi muitas técnicas e agora tive a oportunidade de dividir.
O meu dia a dia está em minhas obras, é a forma como vejo o mundo, as expressões humanas, os dilemas e reflexões que faço e enfrento”, observa Emerson Leitão.
A experiência com as oficinas durante a pandemia foi um enorme aprendizado para Emerson. Se por um lado as aulas remotas são limitantes por não haver o contato humano, por outro lado o alcance foi ampliado, pois as videoaulas puderam ser acessadas por um número maior de pessoas, sendo assim atendido o objetivo de difundir a arte da escultura e tornearia em madeira e suas técnicas. Até este mês de novembro as aulas tiveram em torno de 4 mil visualizações.
Felipe, 70 anos, animadíssimo
Felipe Souza Veras, 70, anos, foi servidor público da educação. Ele trabalhou praticamente a vida toda em Gurupi, e esteve também em Palmas realizando projetos sociais com instrumentos de percussão. Aposentado, seu hobbie hoje é o artesanato. “O Emerson é amigo de longa data e me convenceu a fazer esse curso para ampliar meus horizontes a partir da micro-tornearia”, disse Felipe. “Aposentado não pode ficar parado, tem sempre algo a mais para oferecer”, brinca.
Para este veterano do artesanato, o uso do torno está sendo essencial na nova fase de produção. Ele está fazendo peças pequenas, tais como abridores de garrafas, chaveiros e canetas, entre outras que ainda estão sendo experimentadas. Felipe já possuia grande habilidade para construir peças de decoração ou suportes para fruteiras utilizando a capa do cacho de cocos da palmeira Inajá, que além de utilitária é uma bela peça para ornamentar cozinhas.
“Estou fazendo algumas peças pequenas para desenvolver a técnica, mas outras já estou comercializando, por exemplo o prendedor de cabelo e a caneta. Estas já têm boa saída”, diz Felipe. Para vender as peças, o artesão tem utilizado as redes sociais. Ele faz fotos e envia para os amigos, que acabam repassando para outras pessoas. O próximo passo, segundo Felipe, é participar de exposições e vender o artesanato nas feiras.