Não importa se o nome é Gurufolia, CarnaGuru ou CarnaGurupi, conforme tem colocado os últimos prefeitos, numa intenção de ter a marca da festa popular relacionadas às suas gestões. O fato é que nos últimos anos a festa tem passados por grandes mudanças com queda de público, como nunca visto desde que saiu de dentro das quatro paredes do Clube Recreativo Araguaia (CRA) e foi para as ruas, como a proposta de democratizar o acesso. “No auge do CRA a festa era elitizada e proibiam a entrada de pessoas negras e de mães solteiras”, afirmou hoje um dos pioneiros do carnaval de Gurupi durante uma rodada de conversas sobre a festa.
Além das rodadas de conversas sobre o passado e o futuro do carnaval, o assunto tomou conta das redes sociais onde cada qual colocou seus pontos de vista.
“Como organizador, proprietário de bloco e parceiro de vários carnavais aqui em Gurupi por vários anos, não acredito que tenha acabado o carnaval de Gurupi não como muitos postam , pensam e acreditam. Isso vai da forma que cada pessoa formata, deseja e acredita que realmente possa ser. Acredito sim, num carnaval de resgate cultural onde os foliões possam rever suas opiniões e a forma as quais sejam a melhor pra se divertir e procurar o que é melhor para cada um, seja em um Grande bloco ou em blocos menore. O que vale mesmo é a forma de interagir e curtir o carnaval independente de tamanho de bloco ou quantidade de integrantes”, postou Guto Costa.
Já Rosangela Barros defende o carnaval de Gurupi como marca da tradição da cidade e que o enfraquecimento do carnaval se deu devido aos blocos grandes blocos comerciais que ficavam em suas sedes e pouco saiam para o circuito da folia.
“Tenho a certeza que estes blocos grandes surgiram para acabar o carnaval de rua da nossa cidade. Porque eles só ficam na sede do bloco e tarde, muito tarde da noite, eles dão uma voltinha na rua e voltam para suas sedes e a avenida fica vazia e deserta. As pessoas que não têm condições financeiras não puderam brincar nestes blocos porque virou empresa, não visando o carnaval”, defendeu.
O carnaval de Rua de Gurupi sempre foi animado por grupos de amigos que se juntavam e criavam seus blocos como são dos casos dos blocos “Os Pifados”, que teve a origem quando três amigos resolveram comemorar o carnaval rodando num Jeep velho com um músico acompanhando, o bloco “As Caridosas” formado por amigos, pai de família que vestiram-se de mulheres e subiram a avenida Goiás, acompanhados de música e irreverência e Os Metralhas considerado a primeira escola de samba de Gurupi e que hoje resumiu em um grupo de amigos e neste ano completa 43 anos de avenida. Destes três apenas a Caridosa deixou de existir.
Com o passar dos anos novos grupos de amigos foram surgindo e formando novos blocos e segundo um artigo publicado por Giovanni Salera Júnior, no ano de 2008 haviam 24 blocos em Gurupi, dentre eles Os Enforcados, Perdidos na Folia, Power Guido, Tô nem aí, Pega Prá Capa, Nadinha na Boroca, De Olho no Lance, Botô Pirô, Pé de Cana, Só prá Contrariar, Turma do Kit, Turma do Batente, Litraço, Só a Nata, Bom te ver, Turma do Skinão, Kracatoa, 100 Compromisso, Tropalôka, Aloha, Os Pifados, Sem Teto, (23) Pega Leve e Bloco do Boi.
Com o crescimento de blocos como o Tropalôka os blocos foram reduzindo, perderam suas identidades e, para comprovar a formação de bloco empresa, no ano de 2010 o Tropalôka, depois de 19 anos participando do carnaval em Gurupi, não resistiu uma proposta financeira da Prefeitura de Palmas e mudou para a Capital do Tocantins. “A aceitação está sendo 100%. A cidade de Gurupi respira carnaval e o Tropalôka é tradicional há 19 anos”, disse na época um dos diretores do bloco, Breno Lopes. Na época o bloco era conhecido com o maior bloco da região norte do País e vendia abadás pelo preço de R$ 380,00.
No ano seguinte, alegando falta de programação no carnaval de Palmas, bloco resolveu retornar para Gurupi e, em 2012 depois de disputar o mesmo público teve que fundir com o bloco Bejá.
Com carnaval nos sedes dos blocos, o carnaval de rua foi se desmotivando os foliões e, em 2015, com a saída do bloco Bejá da avenida, a Prefeitura busca resgatar a tradição da festa em um momento que os turistas de outras partes do país, como dos estados de Goiás, Minas Gerais e Distrito Federal, optaram escolher outras cidades para passar o carnaval.
Pouco Turista
Para medirmos a impacto da crise no carnaval de Gurupi a nossa reportagem esteve no Veneza Plaza Hotel, que serve como termômetro para medir o carnaval da cidade.
“Em 29 anos de carnaval a gente nunca teve um momento parecido como este. Nem mesmo quando o Tropaloka foi para Palmas o baque foi tão a nível de hotelaria. Esperamos que de hoje para frente as pessoas das cidades como Palmas e Paraíso que não viajaram resolva vir para Gurupi como uma segunda opção, sendo que Gurupi, durante muitos anos, sempre foi a primeira opção do Tocantins e de outros Estados como Goiás, Minas e o Distrito Federal”, disse a gerente do hostel, Keila Poletto.
Kela Poletto lembrou que os eventos que acontecem no hotel faz parte da programação oficial da cidade iniciado com um pedido de integrantes do bloco Os Pifados. “O hotel foi inaugurado em dezembro de 1986 e no carnaval de 1987 o bloco Os Pifados juntamente com alunos do Colégio Bernardo Sayão perguntaram a minha mãe e meu pai se eles poderiam ficar na porta do hotel em troca de uma caixa de cerveja e passaram os anos e o hotel entrou no roteiro do carnaval de Gurupi”.
Carnaval Pipoca
Apesar das críticas, a primeira noite do carnaval deste ano contou com um público considerável e segundo o feirante da Feira da Amizade, Carlos Henrique, os comerciantes não ficaram no prejuízo. “Ontem teve poucos blocos, mas deu muita gente. O carnaval de pipoca vai bombar, apesar dos pouco blocos”, disse Carlos Henrique.
Recomeço
Já o empresário e membro do bloco Os Metralhas, Elias Tupaciguara, considerou que este ano será marcado como o recomeço do carnaval de Gurupi. “Eu vejo que o carnaval de rua de Gurupi vai recomeçar este ano e ontem aconteceu o ponta pé iniciar depois da fase daqueles blocos grandes que só ficavam nas sedes”, defendeu Elias.
Programação:
14/02 – Sábado
16h Matinê – Trio oficial – Banda Eclipsi
20h Chico Chocolate e banda
Abertura Oficial do Carnaval – Camarote Oficial
22h Trio oficial – Kit Ilusão
Skenta de todos os blocos
Trio oficial – Skema do Brasil
15/02 -Domingo
16h Matinê – Trio oficial – Banda Mil Wolts
20 – Chico Chocolate e Banda
22h – Desfile Oficial
23h Trio oficial – Gasparzinho
00h – Trio oficial – Mistura Nativa
16/02- Segunda-Feira
14 horas – contagem dos pontos dos blocos e Anuncio do bloco campeão (Camarote Oficial ) – cada bloco deverá designar um representante
16 h Matinê = Banda Skema do Brasil
20 h – Chico Chocolate e Banda
22h – Desfile do bloco campeão ( 1º 2º e 3º Lugares)
23h – Trio Oficial – Banda Papazzoni
00h – Trio Oficial – Reality Show
17/02 -Terça-Feira – Encontro dos blocos
20 h – Chico Chocolate e Banda
22 h – Banda Mistura Nativa
00 h – Amigos do Samba
*Tocarão nos trios dos blocos no circuito da folia
15/02 – Adriel Rocha
15/02 – Gustavo Rocha
16/02 – Forró sorriso
08 a 13/02 – Sanfoneiros Renata Mendes
14/02 – Trevo da Praia: Carnatrevo – Tri Show
Sábado Tri show