(Wesley Silas) Enquanto muitos tocam fogo e não compreendem a riqueza do cerrado, outros encontram neste bioma a solução para problemas econômicos com o usos de seus frutos e em pesquisas na saúde como exemplo, o auxilio no combate ao vitiligo, uma doença que atinge 1% da população mundial e espalha manchas brancas pelo corpo causando sofrimentos e preconceitos às pessoas que sofrem com a doença.
O planta vem sendo usada como medicamento caseiro por João Fagundes há oito anos e os resultados são animadores, pois, segundo informações de Fagundes e relatos de pessoas que convivem com ele comprovam que as manchas no rosto e em outros membros do corpo do pintor sumiram desde que ele começou a usar o chá da folha da planta do cerrado conhecida no meio científico como Brosimum gaudichaudianum Kunth.
“Eu descobri que tinha vitiligo no ano de 1990 e há oito anos eu faço o remédio caseiro colocando a folha da planta na água e em seguido bebo. O resultado é que as manchas brancas começam a ficar vermelhas e depois a cor da minha volta a ser como era antes. Eu estava quase branco e hoje só tenho algumas manchas nas pernas e tem vezes que eu passo até dois meses sem tomar”, disse Fagundes.
O caso foi levado por nossa reportagem ao professor do Centro Universitário Unirg, Anderson Franco Villas Boas,do curso de Farmácia, que recolheu alguma amostras para pesquisar as propriedades da planta silvestre que existem em abundância no cerrado tocantinense que já vem sendo pesquisada pela Universidade Federal de Goiás (UFG).
Pesquisas
Segundo uma matéria publicada em julho deste ano no G1 de Goiás, um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) há cinco anos vem investigando a planta mama-cadela, como também é conhecida, e já está produzindo medicamento para uso oral e para uso tópico, como gel e creme, mas ainda não foi testado em humanos. “A planta é muito usada de forma empírica e indiscriminada, seja em forma de chá, com o vinho e diversos outros tipos de preparação. Dependendo da dose pode levar à intoxicação hepática, do fígado, e a queimaduras”, explicou o coordenador da pesquisa, professor Edemilson Cardoso da Conceição ao G1 de Goiás.
Segundo o G1, além de desenvolver o medicamento, os pesquisadores também se preocupam com a viabilidade agronômica, pois é um trabalho “multidisciplinar”. “O cerrado está sendo destruído de forma indiscriminada e a mama-cadela é uma planta silvestre. Temos que fazer a domesticação com o manejo agronômico para não causar prejuízo ao bioma, explorar o cerrado de forma racional, não destrutiva”, ressaltou Edemilson.
Preconceito
A jornalista e moradora de Araguaína, Joselita Matos, 37 anos, afirmou ao Portal Atitude que descobriu a doença ainda quando tinha 12 anos e já tomou um medicamento a base de mama-cadela. Ela afirmou ainda que uma das piores barreiras do vitiligo é o preconceito.
“Já tomei Viticromin, que tem a base desta planta do cerrado; já tomei um remédio manipulado do RJ, que também tem a mesma base; e também já tomei a garrafada da planta. Mas o mais importante, além de você seguir a risca a medicação é você não se importar com a doença e nem com o preconceito. Sim, infelizmente, as pessoas ainda têm receio de tocar nas pessoas que tem esta doença, pois não sabem como ela é. Espero que a mente delas abram e não se importem com isto. Hoje vivo tranquilamente com o vitiligo, talvez por isto as pessoas acham que a doença regrediu”, disse Joselita. (matéria atualizada às 08 do dia 15/09/2014)