Gil Correia
Ainda que tardia, embora não seja novidade a proibição desse tipo de (des)serviço nos estádios, o problema do uso indevido do carro de som era latente e crônico, especialmente em Gurupi. Usado pela diretoria no sentido de promover a partida, em particular no agradecimento às pessoas, empresas e órgãos públicos que apoiam o time, o nem tão nobre locutor assim, acabava quase sempre, prestando um desserviço ao clube e a todos os atores presentes.
Claro também, que a circular só foi emitida, porque o árbitro Luciano Santos teve a coragem e ousadia de relatar na súmula da partida, citando palavra por palavra, do que o entusiasmado locutor proferia, em especial citando o árbitro, consequentemente atingindo o trio de arbitragem da partida entre Gurupi x Interporto. Note que é a mesma partida em que aconteceu racismo ou injúria racial, como tão bem me corrigiu o nobre advogado e oficial de justiça, Juliano Hideo Enomoto, contra o técnico Luis Carlos, mas que não foi relatado e nem notado pelo treinador, que declarou não ter escutado, embora seja difícil, por mais focado que estivesse no jogo – afinal o alambrado fica a pouco mais de um metro de distância entre a turma do amendoim e o banco de reservas – em entrevista exclusiva sobre o assunto, no programa Novo na Rede desta quinta-feira (2/4).
Mas voltando ao assunto em tela, a utilização errada do carro de som no estádio Resendão, já provocou incitamento aos torcedores contra vários trios de arbitragens em anos passados. Até mesmo provocou tentativa de agressão a um colega da imprensa palmense em partida da Copa do Brasil, quando o Gurupi foi o representante tocantinense na competição nacional. Era uma antiga reivindicação dos cronistas esportivos que nunca foi atendida.
O problema é que a maioria dos locutores dos carros de som, em todos esses anos em que esteve no Resendão, sempre é um torcedor, turbinado quase sempre por uma cerveja ou outra, e ai juntam-se emoção, perda da razão e um possível resultado negativo, é a mesma coisa que juntar fósforo e gasolina. Mistura explosiva, ou no mínimo, mistura incendiária.
Mas ainda que tardia, alguém teve a ousadia e a coragem de desafiar o antigo costume e assim a partir da próxima rodada, os torcedores ficarão livres do som ensurdecedor e a imprensa vai ter sossego para fazer o seu trabalho em paz. Afinal quem consegue narrar, comentar ou reportar com o barulho que enche todo o espaço do estádio, especialmente no intervalo e final de cada partida? Pior do que o barulho alto, acima da média, são as músicas colocadas. Embora existam ouvidos para todas as tendências musicais, o repertório utilizado era sempre o mesmo e de gosto duvidoso.