Em entrevista ao Portal Atitude, o presidente da Assembleia Legislativa do Tocantins, deputado Mauro Carlesse (PHS) defendeu que todos os empréstimos devem ser bem analisados, questionou a capacidade de endividamento do Estado e que a AL está finalizando os estudos para votar a matéria. “Não podemos permitir que o parlamento seja apenas um batedor de carimbo e aprove matérias sem o devido debate e análise”, disse Carlesse.
por Wesley Silas
Enfrentando algo que, até então, não era tão debatido na Assembleia Legislativa do Tocantins, o presidente da Casa, Mauro Carlesse, apesar de exercer o seu primeiro mandato no universo de políticos experientes, mostra uma conduta nova que fortalece a imagem do parlamento Tocantins. Uma delas são os questionamentos de um pedido de empréstimo no valor de R$ 600 milhões, e ainda, conseguir parte dos valores para a cidade que ele reside e cortar na própria carne ao relocar R$ 50 milhões que seriam para construção de um anexo da Assembleia, para os município do Estado que passam por dificuldades.
Sobre a votação do empréstimo, Carlesse disse: “Já estamos finalizando nossos estudos e de posse das últimas informações já estaremos votando a matéria”, disse Carlesse sobre o financiamento.
O pedido de empréstimo que o Governo estadual encaminhou a Assembleia esta gerando uma série de questionamentos contra e a favor, como o senhor analisa essa questão?
Todo pedido de empréstimo deve ser bem analisado para que os seus resultados surtam os efeitos desejados. É preciso ter bastante cuidado como será efetuado para que não gere sérias sequelas para o erário público. Se formos analisar alguns empréstimos contraídos pelo governo do estado em outras ocasiões podemos verificar que muitos deles geraram sérios problemas e que existem muitas obras que não foram concluídas, mas criaram obrigações financeiras para os cofres do estado que tem dificuldade em paga-las. Nós estamos tendo o cuidado de discutir exaustivamente o conteúdo desse empréstimo e todas as suas implicações para que sejam devidamente cumpridos à risca em suas destinações.
Então, o governo tem pressa em aprovar a matéria?
Naturalmente o governo tem compromissos a serem cumpridos em contratos anteriores e não tem caixa para fazer estes investimentos. A capacidade de investimento do estado está reduzida a zero e isso é o que mais nos preocupa. Com mais empréstimos, fica comprometida essa capacidade. Mas quanto as instituições financeiras não existe este prazo, pois a Secretaria do Tesouro Nacional autorizou este limite de empréstimo que pode ser cooptado a qualquer tempo.
Gurupi será contemplado com quais obras?
Inicialmente o município não seria contemplado em nenhuma obra mas, após inúmeras tratativas com o governo estadual, conseguimos incluir no bojo do empréstimo algumas importantes obras que beneficiam a região. A pavimentação da rodovia TO-365 que liga Gurupi ao Povoado do Trevo e deste a Ipueiras é uma dessas obras. Há muito tempo a população vem reivindicando esta estrada que é fundamental para desenvolver toda aquela região. É uma obra de integração em uma região altamente produtiva. Outra obra de significativa importância é a construção do Hospital Geral de Gurupi. Este hospital será o grande suporte para toda a região sul e precisa ser concluído. A destinação de recursos para atender a contrapartida do estado na parceria com a união foi uma de nossa preocupação. Com os recursos assegurados no financiamento a obra poderá prosseguir e virar realidade. A cobertura do Resendão e a reforma do ginásio de esportes Idonizete de Paula também conseguimos incluir no pedido de empréstimo. São pleitos antigos da população que agora serão atendidos.
Houve nova destinação para o pedido de R$ 50 milhões que seriam destinados para a construção do anexo da Assembleia?
Sim. A assembleia após 28 anos já possui sérias dificuldades em abrigar diversos departamentos. Estamos necessitando ampliar as instalações para atender melhor o público e também para abrigar os servidores com mais dignidade. Mas após algumas análises entendemos que a construção do anexo pode ser adiada e o recurso alocado seja destinado para atender obras prioritárias nos municípios. A situação de nossos municípios está muito precária e carecem de investimentos para atenderem suas comunidades. Cada município poderá receber cerca de 500 mil reais em obras o que ajuda muito. Outro fator importante é que a conta desse empréstimo será paga por todos nós e não é justo somente alguns municípios serem contemplados.
Vai demorar muito a aprovação do empréstimo?
Já estamos finalizando nossos estudos e de posse das últimas informações já estaremos votando a matéria. Cada deputado tem sua opinião firmada sobre o assunto, mas acredito que todos devem avalizar a matéria tendo em vista que a mesma está sendo bastante estudada e discutida para que surta os efeitos que todos queremos.
Qual o seu ponto de vista sobre toda essa celeuma em torno dessa matéria que vem ocupando diariamente os meios de comunicação do estado?
A avaliação que faço é que a partir de agora o governo deverá ampliar o debate em torno das matérias que encaminhe à assembleia para votação. É preciso aprofundar esse debate para que a comunidade possa realmente saber do que se trata e como será executado o teor dessas matérias. Não podemos permitir que o parlamento seja apenas um batedor de carimbo e aprove matérias sem o devido debate e análise. As pessoas podem até estranhar esta demora em razão de sempre terem visto as aprovações transcorrerem sem nenhum obstáculo. Mas a atual legislatura tem um posicionamento diferente. Os deputados que compõe a casa estão preocupados com a situação atual do estado e buscam aprimorar as leis para que possamos encontrar o caminho do desenvolvimento e reverter em benefícios para o povo.